Cada tipo de infertilidade tem a sua própria disbiose vaginal?
O papel da microbiota vaginal na infertilidade foi confirmado: não apenas a disbiose varia com o tipo de infertilidade, mas as coinfecções bacterianas e virais podem contribuir cumulativamente para a infertilidade.
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Sobre este artigo
A infertilidade, que afeta cerca de 15% dos casais em idade fértil, parece estar fortemente ligada a uma disbiose da microbiota vaginal.
No entanto, poucos estudos efetuados até então se concentraram nas diferenças da microbiota vaginal entre mulheres com infertilidade primária (incapacidade de engravidar após 12 meses de tentativa) e infertilidade secundária (dificuldade de engravidar novamente após a primeira gravidez).
Assim, trabalhos recentes 1 buscaram caracterizar a microbiota vaginal disbiótica e a sua relação com a infertilidade em 136 mulheres mexicanas diagnosticadas com infertilidade primária (58 participantes) ou secundária (78 participantes).
17,5% A infertilidade afeta cerca de 17,5% da população adulta, ou seja, uma em cada seis pessoas em todo o mundo. A sua prevalência varia pouco de uma região para outra ou em função da riqueza de um país. ²
48 milhões A infertilidade afeta 48 milhões de casais em todo o mundo. As causas, por vezes inexplicáveis, incluem fatores hormonais, genéticos ou ambientais que afetam tanto os homens como as mulheres. ³
O efeito da idade
A análise das amostras de esfregaços vaginais mostra que a idade é o primeiro fator que explica a tipologia da flora vaginal das mulheres estudadas.
A idade também foi positivamente correlacionada com a infertilidade primária (as pacientes mais velhas foram mais afetadas) e inversamente correlacionada com a infertilidade secundária.
No entanto, como lembrado pelos investigadores, a microbiota vaginal evolui ao longo da vida, incluindo um declínio nos Lactobacillus protetores e uma maior sensibilidade à disbiose. Assim, os investigadores levantam a hipótese (ainda a ser validada) de que as alterações da microbiota poderiam explicar as dificuldades de conceção, naturais ou assistidas e, por conseguinte, o aumento da prevalência da infertilidade primária nas mulheres mais velhas.
Prever o risco de prematuridade através da microbiota vaginal?
Duas infertilidades, duas microbiotas
Além disso, a análise das microbiotas vaginais revela uma menor predominância de lactobacilos nas mulheres afetadas pela infertilidade, em comparação com a flora das mulheres férteis.
Mas, acima de tudo, salienta as diferenças entre as mulheres que sofrem de infertilidade primária e secundária.
- Nas mulheres com infertilidade primária, predominam as bactérias benéficas, os Lactobacillus crispatus e os Lactobacillus gasseri, mas os investigadores também observam uma elevada proporção de Gardnerella vaginalis e de Fannyhessea vagina, bactérias também envolvidas na vaginose. E a presença de G. vaginalis está fortemente associada à presença de HPV.
- Nos casos de infertilidade secundária, a presença de G. vaginalis é acompanhada pela presença do vírus Epstein-Barr ou até mesmo do Haemophilus influenzae. As bactérias sexualmente transmissíveis, algumas das quais já estão associadas à infertilidade, também estão mais presentes: Ureaplasma parvum, Ureaplasma urealyticum, Mycoplasma hominis e Chlamydia trachomatis.
Duas vias de investigação
Estes resultados sugerem que a composição da microbiota vaginal pode desempenhar um papel decisivo na infertilidade e abrem caminho para terapias personalizadas baseadas em alterações da microbiota vaginal.
Além disso, as coinfecções bacterianas e virais parecem exacerbar a disbiose e contribuir cumulativamente para a infertilidade. O que explica o interesse de estudos que incluam não apenas avaliações bacterianas, mas também virais e fúngicas, para compreender completamente o papel da microbiota na infertilidade.