Os lactobacilos continuam a exercer os seus efeitos benéficos após a menopausa
Após a menopausa, o primado dos lactobacilos e a baixa diversidade alfa serão acompanhados de uma menor inflamação vaginal, conforme já foi referido para as mulheres na pré-menopausa. Embora menos presentes, os lactobacilos continuarão, portanto, a exercer os seus efeitos benéficos.
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Sobre este artigo
É sabido que nas mulheres pré-menopáusicas, o aumento da diversidade da microbiota vaginal e a perda da hegemonia dos lactobacilos estão associados a uma maior inflamação das mucosas. O resultado é um maior risco de displasia e de infeções do colo do útero.
Será que esta ligação entre a microbiota vaginal e a inflamação também existe após a menopausa - um período até agora pouco documentado, apesar de sabermos que a microbiota vaginal tende a diversificar-se e a ser menos dominada por lactobacilos quando o período reprodutivo da mulher termina?
Um estudo norte-americano 1 que incluiu 119 mulheres na pós-menopausa (idade média de 61 anos aquando da inclusão) submetidas a tratamento para desconforto vulvovaginal moderado a grave (irritação, secura, etc.) examinou esta questão.
119 mulheres na menopausa
Estas mulheres, que foram seguidas durante 12 semanas, foram divididas em 3 grupos de acordo com o tratamento que receberam para controlar os seus sintomas:
- comprimido de estradiol e gel hidratante placebo
- comprimido de placebo e gel hidratante
- placebo duplo
No início do estudo, 29,5% das participantes apresentavam uma microbiota vaginal dominada por lactobacilos.
As mulheres brancas eram menos propensas a possuir essa flora protetora. Na globalidade, a reduzida predominância de Lactobacillus e a diminuição da diversidade alfa nos fluidos vaginais surgiam associadas a concentrações mais reduzidas de marcadores imunitários inflamatórios: a perda da predominância de Lactobacillus relacionava-se com concentrações mais elevadas de (sidenote: Citoquina Pequena proteína que participa nas comunicações entre as células, em particular no sistema imunitário. Cytokines: Introduction_British Society for Immunology ) , pró-inflamatórias, conforme o observado em estudos anteriores em mulheres pré-menopáusicas.
21 anos A nível mundial, uma mulher com 60 anos em 2019 tinha, em média, uma esperança de vida de mais de 21 anos.
26% A nível mundial, a população de mulheres na menopausa está a aumentar. Em 2021, as mulheres com mais de 50 anos representavam 26% de todas as mulheres e raparigas em todo o mundo, em comparação com 22% uma década antes.
Proteção imunitária duradoura dos lactobacilos
Trata-se, portanto, de um fenómeno idêntico ao já assinalado nas mulheres em idade fértil. Assim, após a menopausa, os lactobacilos poderão continuar a desempenhar um papel protetor, com efeitos benéficos para a imunidade da mucosa vaginal, contribuindo para – ou pelo menos estando associados a – menos inflamação local.
Pelo contrário, um aumento da diversidade alfa da microbiota vaginal estará associado a citocinas pró-inflamatórias.
Estes resultados sugerem que uma diversidade reduzida e uma elevada predominância de lactobacilos se mantêm e continuam a ser benéficas para a saúde vaginal. Por outras palavras, a predominância de lactobacilos, mesmo que não seja “normal” após a menopausa, poderá representar um microambiente favorável, associado a um nível inflamatório mais baixo.