Pós-menopausa: a ação benéfica do estradiol na microbiota vaginal
Nas mulheres pós-menopáusicas, o tratamento dos sintomas geniturinários com estradiol vaginal parece alterar positivamente o microambiente da vagina. Isso terá possíveis efeitos benéficos para a microbiota, muito mais eficazes do que um simples tratamento dos sintomas.
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Sobre este artigo
29% Apenas 1 em cada 4 mulheres com 60 ou mais anos de idade afirmam que o seu médico lhes ensinou o que é a microbiota vaginal e para que serve (em comparação com 35% nos resultados globais)
Secura vaginal, dores, prurido: o período pós-menopausa pode corresponder a sintomas geniturinários. Para os aliviar, são muitas vezes prescritos estradiol vaginal ou um hidratante, embora o impacto desses tratamentos no microambiente vaginal esteja ainda pouco compreendido.
Um estudo comparativo
Em 2016-2017, 302 mulheres pós-menopáusicas (média de idades: 64 anos) que sofriam de desconforto vulvovaginal moderado a grave, participaram no ensaio clínico duplo-cego multicêntrico randomizado MsFLASH Vaginal Health Trial.
Objetivo:
comparar, às 12 semanas, o efeito de um comprimido vaginal de 0,01 mg de estradiol (+ um gel placebo) ou um gel hidratante vaginal (+ um comprimido placebo) face a um placebo duplo. Embora, surpreendentemente, não fosse sentida qualquer diferença significativa na redução dos sintomas, houve mais participantes no grupo do estrogénio a apresentar um pH vaginal abaixo de 5 e mais de 5% de células superficiais no IMV (índice de maturação vaginal) do que no grupo placebo às 12 semanas.
Seria conveniente ver nessas mudanças um efeito benéfico para o ambiente vaginal que fosse além da simples melhoria apenas dos sintomas? Foi isso o que os investigadores tentaram descobrir através da análise post-hoc de um subgrupo de 144 pacientes pós-menopáusicas.
Rumo a uma microbiota vaginal mais saudável?
Após 12 semanas, a microbiota vaginal de 80% das mulheres do grupo do estradiol apresentou predominância de comunidades de Lactobacillus e de Bifidobacterium, em comparação com apenas 36% no grupo do creme hidratante e 26% no grupo placebo.
Houve outra mudança observada nas mulheres do grupo do estradiol: uma evolução na composição dos metabolitos do fluido vaginal (alterações significativas para mais de 1 em cada 2 metabolitos entre os 171 testados), incluindo um aumento de lactato, o qual, com toda a certeza, contribuiu para o reforço da redução do pH nesse grupo.
O efeito do estradiol revelou-se mais acentuado nas mulheres que inicialmente apresentavam uma microbiota vaginal muito diversificada (considerada menos saudável), um pH elevado e um IMV reduzido. O estradiol poderá, portanto, estimular a atividade metabólica de bactérias benéficas produtoras de ácido lático, como os lactobacilos e as bifidobactérias.
Várias conclusões
- A utilização de comprimidos vaginais de estradiol parece levar a profundas alterações na microbiota e no metaboloma vaginais.
- Por outro lado, os benefícios do hidratante de pH reduzido e do duplo placebo (efeito lubrificante) limitam-se apenas aos sintomas: não apresentam qualquer impacto significativo na microbiota vaginal ou no metaboloma, apesar da quebra do pH vaginal que induzem.
- Por fim, o estudo demonstra que a mesma diminuição do pH na sequência de 2 tipos de tratamento diferentes não reflete necessariamente o mesmo efeito biológico subjacente, e que a redução do pH vaginal não basta para modificar a microbiota vaginal nas mulheres pós-menopáusicas. O que nos permite colocar em perspetiva, segundo os autores, o interesse dos produtos do tipo gel com pH equilibrado.