A Microbiota Vaginal #15
Pelo Pr. Markku Voutilainen
Faculdade de Medicina da Universidade de Turku, Gastroenterologia, Hospital Universitário de Turku, Finlândia
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TRAÇAR O PERFIL DA MICROBIOTA VAGINAL PARA PREVENIR O PARTO PREMATURO
Prever o risco de nascimento prematuro utilizando um método simples, rápido e barato é um desafio para os obstetras, que ainda carecem de um método de previsão fiável para esta complicação clínica, a principal causa de morte em crianças com menos de cinco anos de idade. Os fatores de risco são bem conhecidos: disbiose vaginal associada a inflamação local. Uma equipa de investigadores teve a ideia de utilizar o seu método de análise DESI-MS (Desorption Electrospray Ionization Mass Spectrometry) recentemente descrito para identificar – em menos de 3 minutos e sem necessidade de preparação de amostras – os metabolitos presentes na mucosa cervicovaginal. As suas hipóteses? O metaboloma assim caracterizado pode tornar possível prever a composição da microbiota vaginal e as respostas imunitárias e inflamatórias locais, e monitorizar o seu desenvolvimento para estados associados ao risco de nascimento prematuro. O DESI-MS foi utilizado para analisar mais de 1.000 amostras cervicovaginais de 365 mulheres grávidas em duas coortes.
Entre os metabolitos detetados, 113 permitiram distinguir eficazmente dois tipos de microbiota: uma esgotada e a outra dominada por lactobacilos, um marcador de boa saúde vaginal. O perfil metabólico obtido utilizando o DESI- MS também previu os níveis de vários marcadores imunitários (IL-1β, IL-8, C3b/ iC3b, IgG3, IgG2, MBL – Manose-Binding Lectine) medidos num subgrupo de 391 mulheres. Alguns destes (C3b, IL-1β, IgG2, IgG3) foram encontradas a níveis elevados em microbiomas vaginais sem Lactobacillus, o que indica a ativação da resposta imunitária inata e adaptativa local. Numa série final de testes, o perfil metabólico vaginal obtido utilizando o DESI- MS não podia prever com fiabilidade o risco direto de nascimento prematuro. No entanto, os investigadores preveem potenciais aplicações clínicas. A monitorização dos metabolitos vaginais utilizando o DESI-MS poderia ajudar a detetar alterações na microbiota vaginal e nos marcadores imunitários locais associados ao parto prematuro.