Microbiota vaginal #12
Pelo Prof. Markku Voutilainen
Faculdade de Medicina da Universidade de Turku, Gastroenterologia, Hospital Universitário de Turku, Finlândia
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PRÉ-ECLAMPSIA GRAVE E MICROBIOTA
A pré-eclampsia grave (SPE) é um distúrbio hipertensor da gravidez que pode ter consequências graves tanto para a mãe como para a criança. Caracteriza-se por hipertensão e manifestações de um distúrbio multissistémico. O papel que a microbiota vaginal pode desempenhar na patogénese da SPE continua a ser desconhecido. O presente estudo revelou que as mulheres com SPE tinham uma maior abundância relativa de Prevotella bivia (Pb) vaginal. Pb é uma espécie bacteriana gram-negativa anaeróbica que estava anteriormente associada a doença inflamatória pélvica e vaginose bacteriana. Estudos anteriores mostraram que a obesidade é um fator de risco para a SPE e que a microbiota vaginal das mulheres obesas se caracterizava por uma maior diversidade e predominância de Prevotella spp. Neste estudo, o Índice de Massa Corporal (IMC) foi o preditor mais forte da SPE e os autores sugerem que a maior abundância relativa de Pb no microbial vaginal, que é fortemente regulado pelo IMC, pode estar envolvida na patogénese da SPE.
MUCO CERVICAL ESSENCIAL PARA A SAÚDE REPRODUTIVA FEMININA
Esta revisão aborda os conhecimentos atuais sobre o muco cervicovaginal (MC) e o tampão do muco cervical (TMC)) e as interações entre o muco do trato genital feminino e as comunidades microbianas tanto no estado fisiológico como na vaginose bacteriana. O muco cervical (MC) é fundamental para a saúde das mulheres: protege o epitélio vaginal, ajuda a manter a fertilidade e a fecundidade. Neste estudo, os autores avaliaram o seu papel tanto no estado fisiológico como na vaginose bacteriana. Durante a gravidez, forma-se um tampão de muco cervical (TMC ) para evitar que os micróbios vaginais subam para o útero, o que protege o feto dos agentes patogénicos. O CMP contém muco, compostos antimicrobianos e células imunitárias. A microbiota vaginal normal caracteriza- se pela dominância de Lactobacillus spp. Para a saúde vaginal é necessária uma cooperação sem perturbações entre a microbiota vaginal, o MC e as células hospedeiras. Isto inclui acidificação por ácido láctico, produção de espécies reativas de oxigénio, interação entre mucinas e células, e difusão de células sinalizadoras. A vaginose bacteriana, que pode causar o nascimento pré-termo, caracteriza-se pelo esgotamento dos Lactobacilos, levando a um comprometimento da função da barreira vaginal. Foi encontrado um TMC mais curto, mais permeável e menos muco-adesivo em mulheres em alto risco de parto pré-termo, em comparação com as de baixo risco. Para além dos antibióticos administrados por via oral ou vaginal, a vaginose bacteriana pode ser tratada restaurando a microbiota lora Lactobacilo vaginal. Em conclusão, o MC é essencial para a fertilidade e protege contra a vaginose bacteriana e infeções sexualmente transmissíveis, o que aumenta o risco de infertilidade e partos pré-termo.