Dispepsia funcional

A dispepsia funcional é uma perturbação digestiva tão vulgar como o seu nome é esquisito. A dor de estômago ou azia, a sensação de estômago cheio, o desconforto, as náuseas... todos estes sintomas são característicos. Embora o prognóstico não seja de risco de vida, a qualidade de vida é afetada por esta doença com a participação aparente da microbiota intestinal. Os sintomas podem ser aliviados através de uma dieta adaptada. Outra via: a modulação da flora intestinal, através de probióticos.

Publicado em 26 Agosto 2024
Atualizado em 28 Agosto 2024

Sobre este artigo

Publicado em 26 Agosto 2024
Atualizado em 28 Agosto 2024

O que é a dispepsia funcional?

Sintomas e prevalência

Quais são os fatores associados?

Estilo de vida, dieta...

Qual o papel da microbiota?

Disbiose, o papel dos metabólitos...

Troubles-fonctionnels-intestinaux-image-1

Quais os mecanismos envolvidos?

Imunidade, o eixo intestino-cérebro...

Quais são as opções de tratamento?

Alimentos, probióticos...

O que é a dispepsia funcional?

Sintomas e prevalência

O seu nome não será muito conhecido pelo público em geral. No entanto, a dispepsia funcional (DF) é uma doença gastrointestinal muito generalizada e ainda mal compreendida e subdiagnosticada. A DF representa por si só 3 a 5% das consultas médicas na América do Norte !

O termo dispepsia vem do grego “dis” (má), “pepsis” (digestão).

Os sintomas de dispepsia funcional, variados, estão sempre associados à impressão de se digerir mal 2:

  • saciedade precoce, quando se está longe de ter terminado a refeição
  • sensação de ter comido demasiado (sensação de peso e de distensão do estômago), apesar de uma refeição perfeitamente razoável
  • dor ou sensação de queimadura na parte superior do estômago
  • perda de apetite 
  • arrotos ou soluços
  • náuseas ou mesmo vómitos

Atenção!

Os sintomas têm de ser duradouros para serem classificados como dispepsia funcional: devem ter sido sentidos pelo menos durante 6 meses e ter estado a ocorrer durante pelo menos 3 meses consecutivos.

Existem 2 tipos de dispepsia funcional:

  • síndrome do desconforto pós-prandial, caracterizada por uma sensação de estômago distendido (plenitude pós-prandial) após a refeição ou saciedade precoce mesmo antes do seu término
  • síndrome de dor epigástrica (envolvendo a região superior e média do abdómen), com sintomas não diretamente relacionados com a refeição (azia, etc.)

Você sabia?

Diz-se que a dispepsia é funcional porque não é acompanhada por quaisquer anomalias estruturais nos órgãos e tecidos digestivos. Os sintomas sentidos não podem ser explicados pela presença de lesões no estômago (não existe úlcera) nem por qualquer outra anomalia orgânica ou estrutural: os exames eventualmente efetuados (gastroenteroscopia, ecografia, TAC, etc.) revelam-se todos negativos.

Quantas pessoas são afetadas por esta doença? Quem são as pessoas mais expostas?

Os estudos estimam que a dispepsia funcional afete entre 10% e 30% dos adultos e entre 3% e 27% das crianças em todo o mundo 2. As mulheres, os fumadores e os utilizadores de anti-inflamatórios não esteroides (ibuprofeno, cetoprofeno) apresentam um risco mais elevado 3.

10% a 30% dos adultos são afetados por dispepsia funcional ⁴

3% a 27% das crianças em todo o mundo são afetadas por dispepsia funcional ⁴

As consequências para os pacientes estão longe de ser insignificantes: 2/3 das pessoas afetadas pela dispepsia funcional sofrem de sintomas persistentes e irregulares que podem afetar a sua qualidade de vida e o seu bem-estar 1.

Quais são os fatores associados à dispepsia funcional?

Estilo de vida, dieta...

Alimentação

O papel da alimentação no desencadear dos sintomas da dispepsia funcional é cada vez mais reconhecido. Culpados? Acima de tudo, os alimentos gordurosos. Mas não só. Outros alimentos, incluindo os que contêm hidratos de carbono, leite e produtos lácteos, citrinos, comidas apimentadas, café, e álcool, também foram referidos 5. Há, no entanto, uma ressalva: os resultados dos estudos não são particularmente consistentes. 

Que alimentos estão associados a que sintomas?

  • Sensação de saciedade excessiva após uma refeição: carnes vermelhas, bananas, pão, trigo, bolos, massas, enchidos, fritos, feijão, maionese, leite, chocolate, ovos, doces, laranjas e outros citrinos.
  • Eructações (arrotos): refrigerantes, cebola, feijão, leite e banana
  • Sensações de queimadura na parte superior do estômago: café, queijo, cebola, pimento, leite, chocolate, ananás 5

A mente pode também desempenhar um papel nesta equação, com a recordação de uma má experiência a levar os doentes a antecipar os sintomas e a senti-los excessivamente quando são novamente expostos a ela. A experiência mostra, assim, que distrair um doente com uma tarefa cognitiva é suficiente para o fazer esquecer os seus sintomas; pelo contrário, mentir sobre o teor de gordura de um iogurte (que se indica ser mais elevado do que é na realidade) aumenta as náuseas sentidas pelo doente.

FODMAPs e dispepsia

Os FODMAPs (Fermentable Oligo, Di-, Mono-mers and Polyols) são hidratos de carbono que os seres humanos não conseguem digerir. Por conseguinte, são fermentados pelas bactérias intestinais (nomeadamente as bifidobactérias), o que provoca a produção de gases (e, consequentemente, o inchaço). Foram referidos outros efeitos potenciais, tais como um aumento do volume de água no conteúdo digestivo e uma produção excessiva de  (sidenote: Ácidos Gordos de Cadeia Curta (AGCC) Os Ácidos Gordos de Cadeia Curta são uma fonte de energia (carburante) das células do indivíduo, interagem com o sistema imunitário e estão envolvidos na comunicação entre o intestino e o cérebro. Silva YP, Bernardi A, Frozza RL. The Role of Short-Chain Fatty Acids From Gut Microbiota in Gut-Brain Communication. Front Endocrinol (Lausanne). 2020;11:25. )  (propionato, butirato e acetato). De acordo com ensaios clínicos recentes, os FODMAPs poderão estar envolvidos na patogénese da dispepsia funcional 6.

Estresse e ansiedade

Os portadores de dispepsia funcional são muitas vezes stressados e ansiosos: um grande estudo demonstrou que a ansiedade está claramente ligada à doença e, mais especificamente, à síndrome do desconforto pós-prandial; um outro estudo realizado com 18.000 japoneses demonstrou que os doentes com sintomas de dispepsia funcional se sentiam mais stressados no dia-a-dia, referiam mais frequentemente que não dormiam o suficiente e queixavam-se com mais frequência de dificuldade em adormecer 5.

Falta de actividade física

Os doentes com dispepsia funcional apresentam geralmente níveis mais baixos de atividade física. E é pena: parece que a prática de desporto pode de facto diminuir os sintomas e melhorar o trânsito e a evacuação dos gases nas pessoas que sofrem de inchaços 5.

Microbiota e desporto: microrganismos de competição

Saiba mais

Tabagismo

Um estudo realizado com 2.560 suecos revela que os fumadores estão mais expostos à síndrome do desconforto pós-prandial: fumar 10 a 19 cigarros por dia aumenta o risco em 42%, enquanto fumar mais de um maço por dia mais do que duplica esse risco 7.

 

Obesidade

A obesidade está associada a muitos sintomas gastrointestinais, gastrointestinais, incluindo a dispepsia funcional. Várias hipóteses têm sido avançadas: por exemplo, nas pessoas obesas, os recetores orais e intestinais responsáveis por alertar o organismo para a presença de gordura poderão estar alterados, o que amplificaria os efeitos gastrointestinais nestes doentes, tornando-os mais sensíveis à gordura alimentar 5.

Alguns especialistas sugerem também que existe uma relação recíproca entre a dispepsia funcional e a (sidenote: Síndrome metabólica A síndrome metabólica, também conhecida como síndrome X, caracteriza-se pela acumulação de várias perturbações metabólicas no mesmo indivíduo, incluindo um perímetro abdominal elevado (devido ao excesso de tecido adiposo abdominal), hipertensão, glicemia de jejum anormal ou resistência à insulina e dislipidemia.  ) , em que uma favorece a outra e vice-versa, criando um círculo vicioso 1.

 

Bactéria Helicobacter pylori

Desde os anos 80 se sabe que o estômago, embora altamente ácido, não é estéril. Acolhe mesmo uma comunidade de microrganismos, incluindo a bactéria H. pylori. E a infeção por H. pylori parece estar relacionada com o aparecimento e a progressão da dispepsia funcional: os doentes com antecedentes de infeção por H. pylori têm um risco mais elevado de desenvolver dispepsia funcional 2.

Qual o papel da microbiota?

Disbiose, o papel dos metabólitos...

Disbiose em todo o sistema digestivo

O tubo digestivo alberga cerca de 100 mil milhões de microrganismos, pertencentes a mais de 1.000 espécies diferentes: a microbiota gastrointestinal.

Proteobactérias, Firmicutes, Actinobacteria e Bacteroidetes dominam largamente esta comunidade: representam mais de 98% da microbiota intestinal, com predominância de Firmicutes, seguidas de Actinobacteria e Bacteroidetes 2. Isto, pelo menos, nas pessoas saudáveis. Porque nas pessoas que sofrem de patologias, entre as quais a dispepsia funcional, este equilíbrio não é atingido: observa-se uma disbiose em todo o sistema digestivo, desde a boca até ao ânus 2.

Assim, em pacientes com dispepsia funcional, os estudos observam, por exemplo:

  • maior abundância de Firmicutes, estreptococos (associados a sintomas na parte superior do estômago), Bifidobacterium e Clostridium
  • menor abundância de Prevotella (correspondente a mais sintomas de desconforto após a refeição).

Já ouviu falar de “disbiose”?

Saiba mais

Papel dos metabolitos microbianos

A contribuição da microbiota para a dispepsia funcional está longe de se limitar às bactérias presentes. É que cada uma destas bactérias segrega uma multiplicidade de moléculas ativas, tanto benéficas como nocivas, que estão intimamente ligadas à saúde do seu hospedeiro e ao aparecimento e progressão de numerosas doenças 2,3. Por exemplo:

Troubles-fonctionnels-intestinaux-image-1

Quais os mecanismos envolvidos?

Imunidade, o eixo intestino-cérebro...

Embora ainda existam muitas áreas cinzentas, os investigadores acreditam que os mecanismos que conduzem à dispepsia funcional são provavelmente multifatoriais e variam de um doente para outro 8. Portanto, há vários mecanismos que estão envolvidos na dispepsia funcional:

 

Perturbação da barreira intestinal

Normalmente, os alimentos que transitam pelo nosso sistema digestivo ficam isolados do nosso organismo por uma barreira: a mucosa intestinal. Esta barreira é semipermeável: permite a absorção dos nutrientes, mas bloqueia a passagem de várias substâncias nocivas e agentes patogénicos ingeridos ao mesmo tempo que a nossa refeição 2

Nos doentes com dispepsia funcional, a integridade desta mucosa está comprometida, de tal forma que desempenha o seu papel de filtragem de forma menos eficaz.

 

Perturbação da imunidade intestinal

Nos doentes que sofrem de dispepsia funcional, a resposta imunitária parece estar sobreativada: 40% dos pacientes têm células inflamatórias que se infiltram no duodeno e observa-se frequentemente uma proliferação de bactérias (e, em particular, bactérias orais) 9 no intestino delgado, o que poderá ativar esta resposta imunitária. Além disso, alguns investigadores acham que temos de nos concentrar mais na microbiota do (sidenote: Intestino delgado Parte do sistema localizado entre o estômago e o intestino grosso (ou cólon), essencial para a digestão e absorção de nutrientes. Com 6,5 a 7 metros de comprimento, é a parte mais longa do tubo digestivo, compreendendo o duodeno, depois o jejuno e, por fim, o íleo.  ) para se compreender melhor a patogénese da dispepsia funcional 9.

A culpa será da proliferação de bactérias no intestino delgado?

Uma proliferação de bactérias no intestino delgado (ou SIBO, sigla para small intestinal bacterial overgrowth) poderá ter um papel na patogénese da dispepsia funcional:  esta proliferação parece ser mais frequente em doentes que sofrem de dispepsia funcional do que nos que não apresentam estes sintomas 10,11. Entre os pacientes que sofrem de dispepsia funcional, aqueles a quem foram prescritos IBP (inibidores da bomba de protões, medicamentos utilizados para reduzir a secreção de ácido gástrico) parecem estar em maior risco de SIBO 12. ao atenuarem a acidez do estômago, os IBP reduzem a barreira química destinada a destruir muitos microrganismos patogénicos através do ácido clorídrico segregado pelas paredes do estômago. sto poderá explicar a presença de um excesso de bactérias no intestino delgado, situado logo a seguir ao estômago.

No entanto, as provas de uma ligação entre a dispepsia funcional e a SIBO são ainda frágeis: como a flora duodenal não pode ser facilmente recolhida, os estudos baseiam-se geralmente na deteção de gases contidos no ar expirado pelos doentes. Embora se trate de um teste fácil de realizar e não invasivo, a sua desvantagem é uma inegável falta de fiabilidade 11.

Desregulação do eixo intestino-cérebro

Existem interações complexas entre a microbiota intestinal, o sistema digestivo e o sistema nervoso central. É este eixo microbiota-intestino-cérebro que explica por que razão o stress pode provocar dores de estômago, ou por que razão as alterações da flora intestinal podem alterar a motilidade intestinal e “informar” o cérebro, que por sua vez pode regular os intestinos. Sabe-se também que a dispepsia funcional está intimamente ligada a perturbações da motilidade gastrointestinal (que está sob controlo cerebral) e à hipersensibilidade gastrointestinal, que se encontram por sua vez associadas à microbiota gastrointestinal 2. Daí a considerar-se que tudo está interligado vai um pequeno passo...

Eixo intestino-cérebro: Qual é o papel da microbiota?

Saiba mais

Resposta anormal à ingestão de alimentos

A presença de nutrientes no lúmen do tubo digestivo gera sinais que ajustam a digestão: uma refeição rica em gordura, por exemplo, permanece mais tempo no estômago, uma vez que o esvaziamento gástrico é retardado. Nos doentes com dispepsia funcional, a ingestão de alimentos pode estar sujeita a sinais exagerados do trato gastrointestinal. E isso poderá gerar toda uma série de sintomas que não têm qualquer relação com a realidade: sensação de saciedade quando a refeição ainda mal começou, hipersensibilidade à distensão gástrica, etc. 5

Quais são as opções de tratamento?

Alimentos, probióticos...

Alimentação

Dado que se pensa que a alimentação é um fator importante na dispepsia funcional, a sua adaptação poderá logicamente melhorar os sintomas. No entanto, faltam estudos que evidenciem os efeitos de dietas específicas. Contudo, os especialistas defendem que uma grande parte dos doentes deve beneficiar de uma dieta pobre em gorduras e de uma alimentação fracionada (refeições mais pequenas e mais frequentes). De resto, na prática, já é isso que fazem: os doentes com dispepsia funcional têm um consumo ligeiramente mais reduzido de gorduras na dieta e tendem a fazer refeições mais pequenas e com maior frequência 5.

Outros doentes poderão beneficiar mais se evitarem alimentos picantes ou ácidos (tomate, citrinos, etc.), ou ricos em fibras ou FODMAPs suscetíveis de provocar inchaço. No entanto, estas restrições devem ser geridas cuidadosamente para não desequilibrar o regime alimentar 2.

Dieta: Impacto na Microbiota Intestinal

Saiba mais

Inibidores da bomba de protões

Os inibidores da bomba de protões (IBP) são medicamentos utilizados para reduzir a secreção de ácido gástrico. São receitados pelos médicos para o tratamento do refluxo gastroesofágico e das úlceras pépticas.

A curto prazo, os inibidores da bomba de protões (IBPs) podem melhorar os sintomas de dispepsia funcional. Mas a sua utilização a longo prazo parece estar associada a um aumento de Streptococcus e, por conseguinte, a uma disbiose nefasta 13.

 

Antibióticos para erradicar H. pylori

De acordo com o American College of Gastroenterology e a Associação Canadiana de Gastroenterologia, os doentes com dispepsia funcional com menos de 60 anos devem começar por fazer o rastreio de H. pylori. Se o teste for positivo, devem ser administrados antibióticos para erradicar a bactéria.

Mas esta estratégia tem limites: apenas 1 em cada 10 doentes sentirá uma melhoria dos seus sintomas, enquanto os outros enfrentarão um agravamento dos mesmos. 14.

Antibióticos: que impacto na microbiota e na saúde?

Saiba mais

Probióticos

Tendo em conta que a disbiose da microbiota gastrointestinal está intimamente ligada ao aparecimento e progressão da dispepsia funcional, a modulação da microbiota gastrointestinal tem sido logicamente considerada como uma potencial abordagem terapêutica 2. O papel dos probióticos poderá ser multifatorial 15 :

  • restabelecimento da flora comensal eliminada pelos agentes patogénicos
  • restauração da permeabilidade da barreira intestinal
  • redução da hipersensibilidade visceral
  • ação anti-inflamatória local e sistémica
  • regulação da motilidade intestinal

Tudo isto são efeitos benéficos que podem reduzir os sintomas da dispepsia funcional 15.

Um grande número de estudos clínicos parece confirmar “no terreno” que os probióticos podem melhorar os sintomas dos doentes 2,15 .

No entanto, os resultados publicados nos últimos 15 anos não são suficientes para se chegar a uma conclusão, uma vez que apresentam várias insuficiências: a definição da doença mudou, entretanto; os estudos confundem frequentemente a dispepsia funcional (de longa duração) com a infeção por H. pylori (de curta duração); os probióticos utilizados variam muito de um estudo para outro; os relatos dos sintomas sentidos pelos pacientes continuam a não ser fiáveis devido à falta de objetividade clínica, etc. 15. É ainda necessária bastante mais investigação.

Terapias alternativas

Há várias terapias alternativas que são reconhecidas como tratamentos seguros e eficazes para a dispepsia funcional:

  • terapia cognitivo-comportamental, frequentemente utilizada em casos de stress e ansiedade, ajuda o doente a identificar os pensamentos ou comportamentos que provocam ou exacerbam a expressão dos sintomas
  • hipnoterapia, durante a qual o paciente, num estado de hipnose, está mais recetivo às sugestões terapêuticas
  • O potencial da realidade virtual está igualmente a ser examinado 14.

A microbiota intestinal

Saiba mais
Fontes

1. Volarić M, Šojat D, Majnarić LT et al. The Association between Functional Dyspepsia and Metabolic Syndrome-The State of the Art. Int J Environ Res Public Health. 2024 Feb 18;21(2):237.

2. Zhou L, Zeng Y, Zhang H et al. The Role of Gastrointestinal Microbiota in Functional Dyspepsia: A Review. Front Physiol. 2022 Jun 8;13:910568.

3. Farcas RA, Grad S, Grad C et al. Microbiota and Digestive Metabolites Alterations in Functional Dyspepsia. J Gastrointestin Liver Dis. 2024 Mar 29;33(1):102-106.

4. Drago L, Meroni G, Pistone D et al. Evaluation of main functional dyspepsia symptoms after probiotic administration in patients receiving conventional pharmacological therapies. J Int Med Res. 2021 Jan;49(1):300060520982657. 

5. Feinle-Bisset C, Azpiroz F. Dietary and lifestyle factors in functional dyspepsia. Nat Rev Gastroenterol Hepatol. 2013 Mar;10(3):150-7. 

6. Rettura F, Lambiase C, Grosso A et al. Role of Low-FODMAP diet in functional dyspepsia: "Why", "When", and "to Whom". Best Pract Res Clin Gastroenterol. 2023 Feb-Mar;62-63:101831.

7. Talley NJ, Powell N, Walker MM et al. Role of smoking in functional dyspepsia and irritable bowel syndrome: three random population-based studies. Aliment Pharmacol Ther. 2021 Jul;54(1):32-42.

8. Brown G, Hoedt EC, Keely S et al. Role of the duodenal microbiota in functional dyspepsia. Neurogastroenterol Motil. 2022 Nov;34(11):e14372. 

9. Zhong L, Shanahan ER, Raj A et al. Dyspepsia and the microbiome: time to focus on the small intestine. Gut. 2017 Jun;66(6):1168-1169. 

10. Tziatzios G, Gkolfakis P, Papanikolaou IS et al. High Prevalence of Small Intestinal Bacterial Overgrowth among Functional Dyspepsia Patients. Dig Dis. 2021;39(4):382-390. 

11. Gurusamy SR, Shah A, Talley NJ et al. Small Intestinal Bacterial Overgrowth in Functional Dyspepsia: A Systematic Review and Meta-Analysis. Am J Gastroenterol. 2021 May 1;116(5):935-942.

12. Costa MB, Azeredo IL Jr, Marciano RD et al. Evaluation of small intestine bacterial overgrowth in patients with functional dyspepsia through H2 breath test. Arq Gastroenterol. 2012 Dec;49(4):279-83.

13. Wauters L, Tito RY, Ceulemans M et al. Duodenal Dysbiosis and Relation to the Efficacy of Proton Pump Inhibitors in Functional Dyspepsia. Int J Mol Sci. 2021 Dec 19;22(24):13609. 

14. Lacy BE, Chase RC, Cangemi DJ. The treatment of functional dyspepsia: present and future. Expert Rev Gastroenterol Hepatol. 2023 Jan;17(1):9-20.

15. Tziatzios G, Gkolfakis P, Leite G et al. Probiotics in Functional Dyspepsia. Microorganisms. 2023 Jan 31;11(2):351. 

    Leia também