Doenças gastrointestinais funcionais
As Doenças Gastrointestinais Funcionais (DGF), são as perturbações intestinais mais comuns, e caracterizam-se um conjunto de sintomas digestivos crónicos que não são explicáveis por nenhuma anomalia anatómica detetável.
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Síndrome do Intestino Irritável (SII), a mais comum DGF
As DGF abrangem um conjunto de sintomas como SII, obstipação, diarreia, distensão abdominal funcional, e DGF não específicas.
A SII sozinha afeta 10 % da população e distingue-se de outras DGF por dor abdominal associada a obstipação, diarreia ou alternações entre ambas. É frequente ocorrer inchaço abdominal e um nível de stress maior do que o da população em geral.
52% Apenas 1 em cada 2 pessoas que sofreram de uma patologia digestiva envolvendo a microbiota, associa os dois
A Síndrome do Intestino Irritável (SII)
A Síndrome do Intestino Irritável (SII) é uma perturbação gastrointestinal funcional caracterizada por dor abdominal recorrente, que está associada a alterações na frequência ou forma das fezes, na ausência de qualquer perturbação orgânica. Utilizando os critérios ROME IV, a SII é classificada em quatro subtipos:
- SII com obstipação predominante (SII-C),
- SII com diarreia predominante (SII-D),
- SII com hábitos intestinais mistos (SII-M),
- SII, não-subtipada (SII-U) que não cumpre os critérios para SII-C, D ou M.
Comorbilidades psiquiátricas, como ansiedade, depressão e somatização, são comuns em pacientes com SII.
A síndrome do intestino irritável (SII) é o distúrbio mais comum da interação intestino-cérebro, anteriormente conhecida como « distúrbios funcionais intestinais.
As DGF não poupam as crianças
Em crianças muito pequenas, as DGF representam a razão gastrointestinal mais comum para a consulta médica. Isto inclui as cólicas, regurgitação, obstipação, SII e outros problemas funcionais menos bem caracterizados. Dor de estômago, inchaço, diarreia e obstipação são comummente associados a DGF e podem ter consequências importantes no dia a dia da criança. O stress e a ansiedade podem ainda favorecer ou prolongar alguns sintomas, em particular a dor.
Interrupção na comunicação entre os intestinos e o cérebro
As causas da SII são ainda pouco entendidas. O risco de desenvolver SII aumenta cinco vezes depois de uma infeção bacteriana que provoque diarreia aguda. Tem vindo a ser sugerido que possa estar relacionado com uma interrupção na comunicação entre o cérebro e o intestino em conjunto com um desequilíbrio da flora intestinal. Na maioria dos casos, há (sidenote: Disbiose A "disbiose" não é um fenómeno homogéneo – varia em função do estado de saúde de cada indivíduo. É geralmente definida como uma alteração da composição e do funcionamento da microbiota, causada por um conjunto de fatores ambientais e relacionados com o indivíduo que perturbam o ecossistema microbiano. Levy M, Kolodziejczyk AA, Thaiss CA, et al. Dysbiosis and the immune system. Nat Rev Immunol. 2017;17(4):219-232. ) entre as espécies bacterianas que constituem a microbiota, com menos bactérias boas e mais bactérias prejudiciais. Este desequilíbrio provoca problemas de motilidade intestinal: o trânsito abranda, a barreira intestinal modifica-se e desenvolve-se uma ligeira inflamação. Causa ainda hipersensibilidade da mucosa que provoca fenómenos normais, como o movimento doloroso do gás intestin
Já ouviu falar de “disbiose”?
Trata-se de uma rutura do equilíbrio delicado entre os milhares de milhões de micro-organismos da microbiota e das suas boas relações com o nosso corpo.
Dados promissores para os probióticos
Em adultos, juntamente com uma dieta controlada, as opções terapêuticas incluem antiespasmódicos, laxantes e antidiarreicos. Em crianças, são preferíveis as técnicas de relaxamento e hipnose, que podem aliviar a dor. Por vezes, os antiespasmódicos são também prescritos. Para modificar a microbiota, há dados promissores disponíveis acerca dos probióticos, particularmente
(sidenote:
Bifidobactérias
Bactérias em forma de bastonete, em Y. A maioria das espécies são benéficas para os seres humanos. Encontram-se no intestino humano, e também em alguns iogurtes.
Estas bactérias:
- Protegem a barreira intestinal
- Participam no desenvolvimento do sistema imunológico e ajudam a lutar contra a inflamação
- Promovem a digestão e aliviam os sintomas gastrointestinais
Sung V, D'Amico F, Cabana MD, et al. Lactobacillus reuteri to Treat Infant Colic: A Meta-analysis. Pediatrics. 2018 Jan;141(1):e20171811.
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Ruiz L, Delgado S, Ruas-Madiedo P, et al. Bifidobacteria and Their Molecular Communication with the Immune System. Front Microbiol. 2017 Dec 4;8:2345.
)
e
(sidenote:
Lactobacilos
Bactérias em forma de bastonete cuja característica principal é a de produzirem ácido láctico. É por essa razão que se fala em “bactérias do ácido láctico”.
Estas bactérias estão presentes no ser humano ao nível das microbiotas oral, vaginal e intestinal, mas também nas plantas ou nos animais. Podem ser consumidas nos produtos fermentados: em produtos lácteos, como o iogurte e alguns queijos, e também em outros tipos de alimentos fermentados – picles, chucrute, etc..
Os lactobacilos são também consumidos em produtos que contêm probióticos, com algumas espécies a serem conhecidas pelas suas propriedades benéficas.
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)
, e do transplante fecal. Contudo, ensaios clínicos em grande escala têm ainda de ser conduzidos para confirmar cada uma destas opções.
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