Candidíase
70 a 75% das mulheres sofrem episódios de candidíase vaginal pelo menos uma vez na vida1. Prurido e corrimento vaginal anormal... Os sintomas podem ser particularmente incómodos no dia a dia. E se que essa infeção fosse promovida pelo desequilíbrio da sua microbiota vaginal?2
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Sobre este artigo
O que é a candidíase vaginal?
A candidíase vaginal é uma infeção da vulva e da vagina, provocada por um fungo do tipo levedura – Candida albicans na maioria dos casos3. Esta infeção é considerada a segunda mais vulgar entre as doenças infeciosas vaginais, a seguir à vaginose bacteriana1. É importante consultar um médico para confirmar o diagnóstico, porque os seus sintomas não são muito específicos; a maioria das manifestações clínicas mais vulgares desta infeção são os corrimentos vaginais anormais (leucorreia), o prurido genital e a sensação de queimadura acompanhada de dores ou irritações vaginais, que podem conduzir a (sidenote: Dispareunia Dor genital recorrente ou persistente que se manifesta durante as relações sexuais. ) ou a (sidenote: Disúria Termo utilizado para descrever uma micção (ação de urinar) dolorosa, muitas vezes descrita pelo doente como uma sensação de queimadura, formigueiro ou prurido ) 1.
42% Menos de 1 em cada 2 mulheres afirmam que o seu médico lhes explicou como manter uma microbiota vaginal equilibrada ou a importância de manter o melhor equilíbrio possível da sua microbiota vaginal
A microbiota vaginal está implicada?
A microbiota vaginal de cada mulher, que é única e diferente das outras microbiotas, apresenta reduzida diversidade quando bem equilibrada4: as espécies do género
(sidenote:
Lactobacilos
Bactérias em forma de bastonete cuja característica principal é a de produzirem ácido láctico. É por essa razão que se fala em “bactérias do ácido láctico”.
Estas bactérias estão presentes no ser humano ao nível das microbiotas oral, vaginal e intestinal, mas também nas plantas ou nos animais. Podem ser consumidas nos produtos fermentados: em produtos lácteos, como o iogurte e alguns queijos, e também em outros tipos de alimentos fermentados – picles, chucrute, etc..
Os lactobacilos são também consumidos em produtos que contêm probióticos, com algumas espécies a serem conhecidas pelas suas propriedades benéficas.
W. H. Holzapfel et B. J. Wood, The Genera of Lactic Acid Bacteria, 2, Springer-Verlag, 1st ed. 1995 (2012), 411 p. « The genus Lactobacillus par W. P. Hammes, R. F. Vogel
Tannock GW. A special fondness for lactobacilli. Appl Environ Microbiol. 2004 Jun;70(6):3189-94.
Smith TJ, Rigassio-Radler D, Denmark R, et al. Effect of Lactobacillus rhamnosus LGG® and Bifidobacterium animalis ssp. lactis BB-12® on health-related quality of life in college students affected by upper respiratory infections. Br J Nutr. 2013 Jun;109(11):1999-2007.
)
são predominantes, mas também há leveduras (Candida albicans) em quantidades mais reduzidas.5
Ao longo dos vários episódios da vida de uma mulher, o ecossistema vaginal evolui6. Esse desenvolvimento é normal e é influenciado pelo ciclo menstrual, a puberdade e a menopausa, e pela atividade sexual, a contraceção, a higiene íntima e as gravidezes.7,8,9
Quando o ecossistema vaginal é desequilibrado (por um tratamento com antibióticos, irrigações vaginais, stress, tabagismo, etc. )2,6, acontece o que se designa por (sidenote: Disbiose A "disbiose" não é um fenómeno homogéneo – varia em função do estado de saúde de cada indivíduo. É geralmente definida como uma alteração da composição e do funcionamento da microbiota, causada por um conjunto de fatores ambientais e relacionados com o indivíduo que perturbam o ecossistema microbiano. Levy M, Kolodziejczyk AA, Thaiss CA, et al. Dysbiosis and the immune system. Nat Rev Immunol. 2017;17(4):219-232. ) : os Lactobacillus deixam de ser predominantes, e algumas (sidenote: Infeção oportunista Infeção causada por um microrganismo normalmente não patogénico, mas que o pode tornar-se quando o seu anfitrião se encontra em desequilíbrio (há múltiplos fatores que podem causar esse desequilíbrio: enfraquecimento do sistema imunitário, doença, idade, certas drogas, etc.). ) têm a possibilidade de proliferar. É o que sucede no caso da candidíase: as Candida – que são leveduras normalmente presentes na vagina e nos intestinos5 – aumentam de forma anormal e tornam-se agentes patogénicos em determinadas condições. Por exemplo, estima-se que após um tratamento com antibióticos, 10 a 30% das mulheres sofram de candidíase vulvovaginal10.
10 a 30% das mulheres sofram de candidíase vulvovaginal após um tratamento com antibióticos
Existem outros fatores de risco que podem aumentar o risco de se desencadear uma infeção1: a toma de corticosteroides, a gravidez, as doenças que implicam diminuição da resposta imunitária, a diabetes mal controlada, mas também os contracetivos orais, a utilização de dispositivo intrauterino, etc.. Há muitos fatores que têm sido identificados, sem que os respetivos mecanismos estejam inteiramente compreendidos11.
Antifúngicos e probióticos
O tratamento tradicional da candidíase vaginal é uma terapêutica antifúngica, mediante administração local ou por via oral11. No entanto, podem ocorrer recidivas, e há novas abordagens terapêuticas a serem avaliadas11. Trabalhos recentes sugerem que probióticos tomados por via oral ou de aplicação tópica (cápsulas ou óvulos) poderão reequilibrar a microflora vaginal e reduzir a frequência da recorrência das infeções por Candida.12,13
Para se reduzir o risco de infeção, é recomendado que se cumpram algumas práticas de higiene pessoal. São gestos a adotar diariamente para cuidar da sua microbiota vaginal.
Este artigo recorre a fontes científicas homologadas. Em caso de sintomas, não hesite em consultar o seu médico generalista ou o seu ginecologista.
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