A eliminação do papilomavírus (HPV) depende das bactérias vaginais
Uma infeção comum, o papilomavírus humano (HPV), causa cancro do colo do útero em algumas mulheres..., mas não em outras, que eliminam esse vírus em poucos meses. Esta resistência pode ficar a dever-se a algumas bactérias da microbiota vaginal.
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Sobre este artigo
O cancro do colo do útero é o quarto cancro mais vulgar nas mulheres. Em 99% dos casos, é causado por uma infeção por um vírus extremamente comum que é transmitido por contacto sexual: o papilomavírus humano (HPV). Felizmente, em 80% dos casos, o vírus desaparece espontaneamente no espaço de dois anos após a infeção. Mas em 1 em cada 5 mulheres, persiste e pode levar a cancro do colo do útero. Porque é que algumas mulheres não conseguem eliminá-lo? E porque é que algumas delas desenvolvem lesões pré-cancerosas em resultado do vírus? Estas são as perguntas a que investigadores chineses tentaram responder.
Hipótese que avançaram: uma contribuição da microbiota vaginal. De facto, estudos anteriores observaram disbiose vaginal em pacientes infetadas; uma forte abundância de determinados lactobacilos parece reduzir o risco de infeção, enquanto o L. iners será mais abundante nas pacientes infetadas. Mas as observações revelam-se por vezes contraditórias entre os estudos. Daí este trabalho adicional realizado em Xangai com 73 mulheres infetadas com o papilomavírus e apresentando lesões precoces do colo do útero.
27% Apenas 27% das mulheres pesquisadas afirmam saber que a microbiota vaginal está equilibrada quando a sua diversidade bacteriana é baixa
O envolvimento de 2 bactérias
Quase 2 em cada 3 pacientes conseguiram eliminar o HPV passado um ano, mas as restantes não. Ora, nem a idade das pacientes, nem o estágio da sua doença, nem o subtipo de papilomavírus, nem o tipo de comunidade bacteriana da microbiota vaginal (existem 5 tipos principais de comunidades nas mulheres, um pouco como com os grupos sanguíneos) ou diversidade dessa microbiota explicam a eliminação, ou não, do vírus. Em contrapartida, a presença de duas bactérias específicas pareceu estar relacionada: as mulheres com menor presença no colo do útero de Enterococcus ASV_62 e aumento de Lactobacillus iners apresentaram menos probabilidades de ter eliminado o HPV 12 meses mais tarde.
99% dos cancros do colo do útero estão relacionados com uma infeção pelo papilomavírus humano (HPV), um vírus extremamente vulgar que se transmite por contacto sexual.
4.º O cancro do colo do útero é o quarto cancro mais vulgar nas mulheres.
604.000 Em 2020, houve cerca de 604.000 mulheres diagnosticadas com cancro do colo do útero em todo o mundo e cerca de 342.000 que morreram da doença.
Fontes: WHO.
Prevenir o cancro do colo do útero
Deverão estas duas bactérias vir a ser futuramente visadas (para se promover uma e reduzir a outra) no sentido de se expulsar os papilomavírus e prevenir o cancro do útero? Talvez, se outros estudos vierem a corroborar estes resultados. Enquanto se aguarda, a vacinação contra o papilomavírus para as e os adolescentes e o rastreio regular do cancro do colo do útero (esfregaços ou Papanicolau para detetar lesões pré-cancerosas) para todas as mulheres com idades compreendidas entre os 25 e os 65 anos podem prevenir a maioria dos casos de cancro do colo do útero.
A microbiota vaginal
Shi W, Zhu H, Yuan L et al. Vaginal microbiota and HPV clearance: A longitudinal study. Front Oncol. 2022 Oct 24;12:955150.