100 anos e uma microbiota de jovenzinho!
Uma microbiota intestinal que nunca envelhece e cujo equilíbrio resiste ao teste do tempo: e se fosse este o segredo da longevidade das pessoas com mais de 100 anos, explicando a sua capacidade de desafiar os anos e as doenças? 1
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Sobre este artigo
Há quem diga que o envelhecimento é uma questão mental. No entanto, um novo estudo realizado por investigadores chineses sugere que o segredo para uma vida longa e saudável poderá encontrar-se oculto nas barrigas dos idosos com 100 anos ou mais. Ou, mais precisamente, na sua microbiota intestinal, nesses milhares de milhões de microrganismos (bactérias, vírus, fungos –incluindo leveduras – e parasitas) que vivem bem aconchegados no seio do nosso aparelho digestivo.
Nada a invejar face à flora da faixa etária dos 20 aos 44 anos
Há uma razão para isso: a diversidade da microbiota diminui ao longo do tempo durante a idade adulta. E quanto mais envelhecemos, menos rica se torna a nossa flora..., salvo nas pessoas com mais de 100 anos, cuja microbiota intestinal é insolitamente rica para a idade. E mesmo mais rica que a das pessoas das faixas dos 45 aos 65 anos e dos 66 aos 85 anos. Assim, embora os (sidenote: Centenaire Um centenário é quem atingiu a idade de 100 anos ou mais. ) and (sidenote: Supercentenaire Um supercentenário é quem atingiu a idade de 110 anos ou mais. ) possam contar mais de 100 anos de vida, eles continuam a ter a microbiota de jovens adultos!
Outra particularidade da microbiota dos centenários é a elevada presença de determinadas bactérias denominadas (sidenote: Bacteroïdetes Os Bacteroidetes são um dos 4 grupos bacterianos principais (filos) da microbiota intestinal, juntamente com as Actinobactérias, as Firmicutes e as Proteobactérias. Entre os Bacteroidetes encontra-se o género Bacteroides, um dos mais representados no âmbito da flora intestinal. Zafar H, Saier MH Jr. Gut Bacteroides species in health and disease. Gut Microbes. 2021 Jan-Dec;13(1):1-20. ) , em comparação com a dos idosos com idades compreendidas entre os 66 e os 85 anos e com a dos nonagenários. No entanto, estas bactérias benéficas são geralmente exclusivas das faixas etárias abaixo dos 40 anos, tendendo depois a regredir em favor de outras bactérias, as quais nem sempre são muito boas para a saúde. Inversamente, a flora dos centenários é relativamente pobre em bactérias potencialmente patogénicas, responsáveis por infeções. Mais bactérias benéficas e menos bactérias nocivas: será esta a poção mágica dos centenários para manterem as doenças afastadas? Talvez. Em todo o caso, trata-se de um conjunto de características específicas que parecem assinalar a sua longevidade excecional e o seu envelhecimento saudável.
Prevalência
O mundo tinha 593.000 centenários em 2021 :
- incluindo 132.000 no Japão (0,11% da sua população),
- 90.000 nos Estados Unidos (0,03%),
- 29.000 na Tailândia (0,04%),
- 27.000 em França (0,04%),
- 20.000 na Alemanha (0,02%),
- 18.000 na Itália (0,03%)
- e 14.000 em Espanha (0,03%).
Enquanto em 2000 havia cerca de 170.000 pessoas com 100 anos ou mais, atualmente espera-se que esse número exceda os 20 milhões até 2100.2,3
Longevidade, uma questão de equilíbrio!
A última particularidade identificada pelos investigadores é o facto de, nos centenários, a microbiota intestinal ser muito equilibrada em termos de distribuição das espécies, não havendo uma única bactéria que assuma parte de leão em detrimento das outras. E, em vez de diminuir com o tempo, esta relativa uniformidade na abundância das várias bactérias presentes, já de si incrível quando se apagaram mais de 100 velas, parece tornar-se ainda mais consistente com o tempo. Poderá mesmo assegurar a estabilidade ao longo do tempo da flora intestinal e a sua riqueza em Bacteroidetes nas pessoas com mais de 100 anos. Será esta a chave para uma vida longa e saudável?