Transplante fecal e infeções recorrentes de Clostridium difficile: os bacteriófagos não estão necessariamente nos dadores

De acordo com um estudo Canadiano, a diversidade e abundância relativa dos bacteriófagos dos dadores parece ter um impacto no sucesso dos transplantes fecais em doentes com infeções recorrentes de Clostridium difficile.

Publicado em 14 Julho 2020
Atualizado em 09 Setembro 2024
Actu PRO : Greffe fécale et infection récidivante à Clostridium difficile : des bactériophages essentiels chez les donneurs

Sobre este artigo

Publicado em 14 Julho 2020
Atualizado em 09 Setembro 2024

 

Apesar dos resultados positivos conseguidos com transplantes de microbiota fecal (FMT) como primeira linha de tratamento para infeções recorrentes de Clostridium difficile (rCDI), 8 a 50 % dos doentes tem uma recaída. Estudos recentes demonstraram que os bacteriófagos – vírus que infetam bactérias da microbiota intestinal - podem ter um influencia importante na taxa de sucesso dos transplantes fecais. Uma equipa Canadiana estudou o impacto das populações de bacteriófagos em dadores e em doentes com rCDI tratados com TMF através de colonoscopia.

Impacto do TMF nos bacteriófagos

Não é surpreendente que todos os 19 participantes neste estudo tivessem uma flora intestinal menos diversificada que os 7 dadores. A diversidades dos seus bacteriófagos foi superior à dos dadores e à dos 96 participantes controlo. Isto deve-se principalmente à administração de vancomicina nas 24 horas que antecedem o transplante, que podem desencadear a indução dos fagos. O FMT que foi eficaz à primeira em 12 doentes, levou a uma diminuição desta diversidade aumentada. A diversidade dos bacteriófagos só se reduziu no segundo transplante dos restantes 5 doentes.

A importância do perfil do dador

No que respeita à variedade bacteriana, o perfil do recipiente tornou-se mais semelhante ao do dador depois de um transplante bem-sucedido: aumentaram os níveis de Bacteroidetes e Firmicutes, diminuíram os níveis de Proteobacteria, que eram prevalentes até então (principalmente espécies do género Klebsiella e Escherichia). Ainda assim, não se verificou diferença entre doentes que tiveram uma resposta positiva depois do primeiro transplante e aqueles que não tiveram. Pelo contrário, os bacteriófagos dos dadores devem estar relacionados com o sucesso ou insucesso do transplante: uma maior diversidade bem como uma menor abundância relativa foram associados a um TMF bem-sucedido. Mas, antes de utilizar a composição dos bacteriófagos dos dadores como um fator de prognóstico para o TMF no tratamento de rCDI, os investigadores sugerem que se façam mais estudos de investigação nestas vertentes da flora intestinal que é ainda largamente desconhecida. Acredita-se que estes resultados sejam apenas e ainda “a ponta de um icebergue”.

 

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