As pedradas rápidas não são brinde à microbiota intestinal dos jovens
Beber uma grande quantidade de álcool para se ficar bêbado no espaço mínimo de tempo: é isso o “binge drinking”, a forma preferida de consumo de álcool pelos adolescentes. Mas a microbiota intestinal dos seus adeptos infelizmente não participa na festa: o seu desequilíbrio contribuirá até para uma transição para o alcoolismo mais tarde na vida, revela um estudo 1.
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Sobre este artigo
O “Investigadores irlandeses decidiram explorar as ligações entre disbiose, inflamação, consumo compulsivo de álcool e défices de controlo emocional em jovens praticantes de “binge drinking”. Para isso, reuniram 71 pessoas de ambos os sexos entre os 18 e os 25 anos, não dependentes de álcool. Realizaram avaliações neuropsicológicas dos participantes e recolheram amostras dos seus fluidos biológicos para detetarem marcadores de inflamação, e também das suas fezes, o que possibilitou a análise das suas microbiotas intestinais. Ao longo 3 meses, os participantes registaram seu consumo de álcool e seus desejos compulsivos de o beberem.”, que se traduz em Portugal por “intoxicação alcoólica aguda” ou mais vulgarmente “pedrada rápida” corresponde a um estado de embriaguez agudo. É praticado principalmente por jovens entre os 15 e os 25 anos de idade, e acarreta consequências nefastas para a saúde na adolescência, uma vez que o organismo ainda se encontra em plena construção. Praticado repetidamente, o “binge drinking” altera a estrutura e o funcionamento do cérebro, ao mesmo tempo em que aumenta o risco de futuras perturbações relacionadas com o consumo de álcool, vulgarmente designadas “alcoolismo”.
O que é o “binge-drinking”?
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), um episódio de binge drinking define-se como a ingestão de pelo menos 60 g de álcool puro (cerca de 6 latas de cerveja) levando a um nível de alcoolemia de pelo menos 0,8 g por litro de sangue 2 .
Encontram-se nos alcoólicos crónicos desequilíbrios na microbiota intestinal, ou disbioses, tão acentuados quanto a respetiva necessidade compulsiva de consumirem álcool. Pensa-se que provocarão inflamação no cérebro, levando a problemas de gestão emocional e de (sidenote: Cognição social Capacidade de compreender e gerir as interações sociais. Beaudoin C, Beauchamp MH. Social cognition. Handb Clin Neurol. 2020;173:255-264. ) . Mas há atualmente estudos que sugerem que a disbiose e perturbações do eixo intestino-cérebro poderão também estar envolvidas na transição para a dependência do álcool.
Identificar sinais de vulnerabilidade ao alcoolismo em jovens praticantes das “pedradas rápidfas”?
Investigadores irlandeses decidiram explorar as ligações entre disbiose, inflamação, consumo compulsivo de álcool e défices de controlo emocional em jovens praticantes de “binge drinking”. Para isso, reuniram 71 pessoas de ambos os sexos entre os 18 e os 25 anos, não dependentes de álcool. Realizaram avaliações neuropsicológicas dos participantes e recolheram amostras dos seus fluidos biológicos para detetarem marcadores de inflamação, e também das suas fezes, o que possibilitou a análise das suas microbiotas intestinais. Ao longo 3 meses, os participantes registaram seu consumo de álcool e seus desejos compulsivos de o beberem.
Um jovem em cada três Também designado em português “intoxicação alcoólica aguda” ou mais vulgarmente “pedrada rápida”, o “binge drinking” é o distúrbio da ingestão de álcool mais comum nos países ocidentais: um em cada três jovens europeus e norte-americanos pratica-o regular
(sidenote: Missão interministerial francesa de luta contra as drogas e os comportamentos aditivos: o binge drinking https://www.drogues.gouv.fr/le-binge-drinking )
Perturbações cognitivas e transição para a dependência alcoólica
No final do estudo, os investigadores constataram que os jovens praticantes das “pedradas rápidas” desenvolviam disbioses especificamente relacionadas com problemas cognitivos. A alteração do (sidenote: Reconhecimento das emoções Capacidade de identificar e descrever os estados emocionais próprios e alheios. Cabé N, Laniepce A, Boudehent C et al : Repérage des troubles cognitifs liés à l’alcool, La Revue du Praticien, 20/10/2019, 69(8);904-8 ) e a impulsividade surgiram ambas associadas a uma modificação da presença de grupos bacterianos específicos. Os desejos irresistíveis de consumir álcool foram também associados a uma redução noutra espécie bacteriana e a um aumento dos marcadores de inflamação. Como os investigadores esperavam, mais episódios de consumo excessivo de álcool aumentaram a impulsividade, que se sabe acelerar a transição para o alcoolismo.
A conclusão é que o “binge drinking” é acompanhado por alterações na microbiota intestinal que estão presentes mesmo antes do início da dependência do álcool. De um ponto de vista de copo meio cheio, os investigadores acreditam que as suas descobertas poderão contribuir para o desenvolvimento de novas intervenções dietéticas ou pré/probióticas para melhorar a disbiose relacionada com o álcool nos adolescentes.
A microbiota intestinal
Advertência
O abuso do álcool é perigoso para a sua saúde, consuma com moderação.
2. Segurança Rodoviária: "As bebidas fortemente alcoólicas aumentam mais rapidamente os níveis de álcool no sangue". Facto ou ficção? https://www.securite-routiere.gouv.fr/etudes-et-medias/info-intox/un-verre-represente-10-g-dalcool-pur