Determinadas bactérias indicam a presença de endometriose
As mulheres com endometriose apresentam especificidades nas suas microbiotas oral, intestinal e vaginal. Será que isso tornará possível, um dia, diagnosticar a doença e avaliar sua gravidade sem recorrer à laparoscopia?
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Sobre este artigo
A endometriose, uma doença na qual o tecido endometrial (o revestimento do útero) cresce para fora do útero, afeta cerca de 10% das mulheres em idade fértil.
Infelizmente, um dos diagnósticos, baseado na (sidenote: A laparoscopia A laparoscopia é uma técnica de observação e tratamento dos órgãos da cavidade abdominal, realizada normalmente sob anestesia geral. Através de pequenas incisões na parede abdominal, o cirurgião pode ter acesso ao interior do abdómen para diagnosticar (a endometriose, por exemplo) ou tratar (remover lesões da endometriose, tratar uma gravidez ectópica, uma apendicite aguda, etc.). Aprofundar: DiZerega GS, Rodgers KE, Peritoneal Fluid. The Peritoneum. 1992. pp 26-56 Sprin… ) , é invasivo e atrasa o tratamento. Além disso, como não há cura, este tratamento limita-se a aliviar os sintomas dolorosos. Mas há uma boa notícia: una equipa de investigadores australianos acaba de abrir caminho para um diagnóstico alternativo não invasivo. 1
10 % A endometriose afeta cerca de 10% das mulheres e raparigas em idade fértil em todo o mundo, ou seja, 190 milhões de pessoas. ²
E se a nossa microbiota pudesse revelar a presença de endometriose?
Este grupo de cientistas analisou 3 microbiotas: oral, intestinal e vaginal. Objetivo? Tentar identificar uma "assinatura bacteriana" da endometriose. E conseguiu! Os controlos saudáveis possuíam uma microbiota oral e uma microbiota intestinal (mas não a vaginal) mais diversificadas do que as mulheres com endometriose. Mais importante ainda, foram observadas alterações em algumas bactérias nas mulheres com endometriose.
Por exemplo, a respetiva flora vaginal continha mais Escherichia, Enterococcus e Tepidimonas. A sua microbiota intestinal continha mais Lactobacillus e Phascolarctobacterium, uma bactéria já detetada no (sidenote: Líquido peritonial Líquido presente na cavidade peritonial, ou seja, no interior da membrana que envolve as vísceras abdominais. Ele tem uma função lubrificante evitando o atrito entre os órgãos durante a digestão. DiZerega GS, Rodgers KE, Peritoneal Fluid. The Peritoneum. 1992. pp 26-56 Springer New York ) das doentes, o que sugere que estas bactérias poderão migrar do seu trato digestivo para o peritoneu. Quanto à boca, revelou-se uma maior abundância de (sidenote: Fusobacterium Género de bactérias filamentosas que vivem na boca (placa dentária), no sistema digestivo, na vagina e, em menor grau, na cavidade uterina. Esta bactéria patogénica está implicada na periodontite (inflamação na base do dente) e no cancro colorretal. ) nas mulheres afetadas por endometriose moderada a grave. Esta bactéria está implicada na periodontite, inflamação das gengivas que afeta frequentemente as mulheres que sofrem de endometriose. A Fusobacterium poderia explicar a ligação entre a endometriose e a gengivite.
A microbiota vaginal
A endometriose e a sua gravidade
Os investigadores também encontraram diferenças dependendo da gravidade da endometriose. Por exemplo, as bactérias Actinomyces mostraram-se mais presentes no trato digestivo em casos de endometriose mínima ou ligeira, enquanto as Paraprevotellaceae surgiram associadas a formas mais graves. Relativamente à flora oral, as Cardiobacterium estavam em maioria nas formas ligeiras e as Fusobacterium nas formas graves. Em termos de flora vaginal, a endometriose grave surgiu associada a um aumento da presença de Blautia, Dorea, Collinsella e Eubacterium.
É claro que este estudo não passa de uma etapa preliminar. São necessários mais estudos em grupos maiores para se poder confirmar estes resultados. Mas, quem sabe? Estas descobertas poderão um dia abrir caminho para um teste não invasivo de despistagem da endometriose e da sua gravidade, diretamente a partir das nossas bactérias!