Mulheres transgénero: uma flora neovaginal específica
Uma pessoa transgénero ou trans é alguém cujo género atribuído à nascença não corresponde ao género sentido. Embora nem todas as mulheres transgénero optem pela cirurgia, investigadores 1 analisaram a flora vaginal daquelas que optaram pela cirurgia a fim de adotar uma neovagina. O equilíbrio da microbiota neovaginal das mulheres transgénero operadas seria essencial para a saúde delas. Saiba porque...
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Sobre este artigo
Sentir-se mulher no mais profundo do seu ser, apesar de fisicamente ser dotado de órgãos genitais masculinos e designado como um homem… Uma (sidenote: Incongruência de género Incoerência marcada e persistente entre o género vivenciado por um indivíduo e o sexo que lhe foi atribuído, podendo levar a um desejo de "transição" através de um tratamento hormonal, de uma cirurgia ou de outros serviços de saúde. WHO, MSD Manual, Government of Canada ) que algumas mulheres (sidenote: Transgénero Uma pessoa cuja identidade de género, ou seja, a sua experiência íntima e pessoal do seu género, difere do sexo que lhe foi atribuído à nascença. WHO, MSD Manual, Government of Canada ) surgcorrigem recorrendo “a uma neovaginoplastia pela inversão da pele peniana”. Com outras palavras, transformando o seu pénis em vagina através da cirurgia. Independentemente da qualidade da cirurgia realizada, a pele desta vagina recém-construída permanece uma combinação de pele do antigo pénis e um enxerto de pele da nova vagina oriunda do (sidenote: Escroto Pele que protege os testículos do homem. WHO ) e/ou de outras áreas (barriga, virilha…).
0,1% a 1,1% As pessoas transgénero representariam de 0,1 a 1,1% da população mundial. ²
2 vezes A cirurgia mamária (8 a 25%) é duas vezes mais frequente do que a cirurgia dos órgãos genitais (4 a 13%). ³
Quais são as consequências deste procedimento em termos de saúde? A microbiota vaginal é um elemento fundamental para a saúde vaginal das mulheres (sidenote: Cisgénero Pessoa cuja identidade de género é coerente com o sexo que lhe foi atribuído à nascença. WHO, MSD Manual, Government of Canada ) . Investigadores americanos interessaram-se pela flora íntima das mulheres transgénero operadas: a composição da microbiota neovaginal poderia explicar alguns problemas, como as perdas vaginais frequentemente relatadas?
Microbiota vaginal cisgénero versus transgénero Quais são as diferenças?
A pergunta merecia ser colocada e foi então respondida graças a um estudo que comparou a microbiota vaginal de mulheres transgénero submetidas a uma neovaginoplastia com a de mulheres cisgénero. Os resultados? As microbiotas são bem diferentes.
1 homem transgénero em cada 2
A cirurgia de mudança de sexo (confirmação) é mais frequente nos homens transgénero (42% a 54%) do que nas mulheres transgénero (28%). 3
Enquanto a flora vaginal das mulheres cisgénero revelou-se não ser muito diversificada e ser amplamente dominada por lactobacilos que proporcionam um ambiente ácido que repele os agentes patogénicos, a das mulheres transgénero contém menos de 3% destes preciosos aliados e é muito mais diversificada. No que diz respeito à vagina, no entanto, a diversidade não é um sinal de boa saúde - muito pelo contrário. Na verdade, esta diversidade foi constatada em mulheres cisgénero que sofrem de vaginose bacteriana, aumentando o risco de infeções sexualmente transmissíveis (incluindo o VIH-SIDA) e de abortos espontâneos.
Qual é a origem deste novo ecossistema microbiano?
Ou mais exatamente:que bactérias compõem a microbiota das neovaginas das mulheres transgénero operadas? Sem dúvida nenhuma via a flora da pele (pénis, escroto…) utilizada na cirurgia. Mas isso não é tudo. As transmissões orais-genitais e genitais-genitais também parecem exercer uma influência.
Inclusive, foram observadas espécies bacterianas típicas da pele ou do trato digestivo, mas também da boca na flora neovaginal de mulheres transgénero submetidas a cirurgia. As relações sexuais destas mulheres aumentam a frequência de uma bactéria chamada E. faecalis devido às transferências genitais.
“Transtorno de identidade de género”?
Em maio de 2019, a Organização Mundial de Saúde (OMS) retirou o "transtorno de identidade de género" do seu manual de diagnóstico oficial, para que reflita os avanços científicos e médicos. A OMS espera que esta reclassificação "reduza a estigmatização", garantindo, ao mesmo tempo, "o acesso às intervenções de saúde necessárias". 2
Por outro lado, enquanto as hormonas explicam o recrudescimento dos lactobacilos protetores nas mulheres cisgénero, o estado hormonal das mulheres transgénero (comparável ao das mulheres cisgénero graças a um tratamento) parecia não se alterar. Serão necessários estudos complementares com um número maior de mulheres transgénero para compreender melhor a sua saúde neovaginal.