Rinite e asma: e se os fungos do nariz tivessem um papel a desempenhar?
Será que teremos um dia de ir à procura de fungos na microbiota do nariz para detetarmos e tratarmos a rinite alérgica ou a asma? É perfeitamente possível. Um estudo 1 acaba de mostrar que essas duas doenças respiratórias crónicas estão associadas a “micobiotas” muito específicas.
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Sobre este artigo
Formigueiro nasal, espirros, corrimento nasal e conjuntivite na rinite alérgica. Falta de ar, pieira, tosse e aperto no peito na asma.
Talvez já conheça estes sintomas caraterísticos das doenças respiratórias crónicas? Se sim, saiba que as populações de fungos microscópicos (a famosa “micobiota”) que se encontram no nariz das pessoas saudáveis são provavelmente muito diferentes das dos nossos familiares que sofrem destas doenças. Tal diferença poderá ser uma excelente notícia e proporcionar a esperança de um melhor diagnóstico e do desenvolvimento de novos tratamentos!
400 a 500 milhões de pessoas são afetadas pela rinite alérgica em todo o mundo ² ³
262 milhões de pessoas sofriam de asma em 2019 ⁴
Um mergulho no mundo misterioso dos fungos do nariz
Já se sabe há muito que uma disbiose da microbiota, nomeadamente da microbiota otorrinolaringológica (ouvidos, nariz e garganta), desempenha um papel na ocorrência e na progressão de doenças respiratórias, como a rinite alérgica – "febre dos fenos" – e a asma. A componente bacteriana da mesma tem sido alvo de inúmeros estudos. Mas e quanto à componente fúngica, aos fungos que também fazem parte da microbiota?
Para responder a esta questão, a equipa liderada pelo Dr. Luís Delgado, imunologista da Universidade do Porto (Portugal), recrutou 339 crianças e jovens adultos, 125 dos quais saudáveis e 214 que sofriam de rinite, de asma ou de ambas. Em seguida, os cientistas recolheram amostras da microbiota nasal de todos os participantes para analisarem especificamente a natureza e a organização das comunidades fúngicas.
Problemas respiratórios
Em primeiro lugar, os resultados demonstram que a micobiota dos participantes que sofriam de doenças respiratórias é muito diferente e, em especial, mais rica e diversificada do que a das pessoas saudáveis.
Entre os géneros comuns a todos os participantes, doentes ou não, os investigadores encontraram determinados fungos conhecidos por serem agentes patogénicos oportunistas: Aspergillus, Candida e outros... Para os investigadores, isto poderá ser a prova de que as fossas nasais constituem igualmente um reservatório de fungos potencialmente nocivos que promovem a rinite ou a asma, tal como acontece com as bactérias.
455.000 pessoas morreram devido à asma em 2019 ⁴
70% das crianças cujos pais sofrem de rinite alérgica também padecem da mesma ⁵
1 pessoa em cada 4 é afetada pela rinite alérgica nos países desenvolvidos ⁶ (em França, 4 vezes mais do que há 30 anos) ⁵
Opções de tratamento em perspetiva
Nas pessoas afetadas tanto pela rinite como pela asma e, por conseguinte, particularmente sujeitas à inflamação, as redes fúngicas revelaram-se mais interligadas do que as dos participantes que sofriam apenas de rinite ou que não tinham problemas de saúde, o que indica que os fungos são muito provavelmente sensíveis ao ao estado imunitário.
Rinite alérgica e asma, duas doenças relacionadas
- A asma é mais frequente em pessoas com outras doenças alérgicas, como a rinite ou o eczema. 7
- Três quartos dos asmáticos também sofrem de rinite alérgica. 8
Embora este trabalho ajudou a equipa do Dr. Delgado a identificar potenciais alvos para futuras ferramentas de diagnóstico ou de tratamento, há uma questão crucial que persiste: a presença de uma população específica de fungos é resultante da inflamação da mucosa nasal ou é a sua causa? Para responder a esta questão, serão necessários outros estudos mais exaustivos e que tomem mais em consideração o perfil dos doentes. Não obstante, este trabalho inicial constitui um passo decisivo na direção certa.
The ENT microbiota
2. Pawankar R, Holgate ST, Canonica GW, et al. WAO white book on allergy 2013 update. World Allergy Organization.
4. https://www.who.int/fr/news-room/fact-sheets/detail/asthma
5. https://www.inserm.fr/dossier/rhinite-allergique/
7. https://www.who.int/fr/news-room/fact-sheets/detail/asthma