Dermatite atópica: salvar a pele do fungo Malassezia
Os fungos microscópicos que habitam a nossa pele contribuem também para a sua saúde. Assim, nos doentes que sofrem de dermatite atópica grave, o fungo Malassezia perdeu o brilho e cedeu (demasiado?) terreno outrora seu a outras espécies1.
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Sobre este artigo
Pele seca, com prurido e manchas vermelhas - particularmente ao nível das dobras - que surgem por crises: a dermatite atópica (DA) é uma doença inflamatória da pele que afeta quase 1 em cada 5 bebés. Embora a idade favoreça uma evolução positiva, calcula-se que 1 em cada 10 adultos nos países desenvolvidos sofre de DA.
1 em cada 5 A dermatite atópica afecta quase 1 em cada 5 bebés.
Porquê o meu filho, porquê eu? A resposta é múltipla, envolvendo a hereditariedade (filhos de adultos afetados pela DA são também mais suscetíveis de sofrer dela) e o sistema imunitário. Mas não só. A microbiota da pele, comunidade complexa de (sidenote: Microrganismos Organismos vivos que são demasiado pequenos para serem vistos a olho nu. Incluem as bactérias, os vírus, os fungos, as arqueias, os protozoários, etc., e são vulgarmente designados "micróbios". What is microbiology? Microbiology Society. ) (bactérias, fungos, parasitas e vírus) que vivem na nossa pele, também se encontra sob escrutínio.
Prevalência
Estima-se que a dermatite atópica afete até 20% dos bebés e 3% dos adultos em todo o mundo2, e mesmo 10% dos adultos nos países desenvolvidos3.
Malassezia a meio mastro
Nos doentes com DA, algumas bactérias tendem a estar demasiado presentes, tais como os Staphylococcus aureus, enquanto outras se encontram em recuo, caso das Cutibacterium. Mas, e quanto aos fungos microscópicos? A resposta ainda não era muito clara até este recente estudo vir mostrar que, em casos de dermatite grave, a flora fúngica da pele difere. Por exemplo, o fungo Malassezia, que predomina na pele saudável, é menos proeminente na DA. O seu domínio esbate-se e outros fungos como Candida ou Debaryomyces aproveitam isso para se instalarem. Portanto, na dermatite grave, a Malassezia já não funciona como rainha suprema dos fungos da pele, o que resulta numa maior diversidade fúngica.
Além disso, é possível que a evolução das tropas bacterianas e fúngicas esteja ligada. Assim, uma maior presença de S. aureus poderá favorecer a proliferação de Candida, uma vez que estes dois microrganismos são capazes de estabelecer sinergias.
Em relação com a gravidade da DA
Finalmente, (sidenote: Disbiose A "disbiose" não é um fenómeno homogéneo – varia em função do estado de saúde de cada indivíduo. É geralmente definida como uma alteração da composição e do funcionamento da microbiota, causada por um conjunto de fatores ambientais e relacionados com o indivíduo que perturbam o ecossistema microbiano. Levy M, Kolodziejczyk AA, Thaiss CA, et al. Dysbiosis and the immune system. Nat Rev Immunol. 2017;17(4):219-232. ) cutânea parece estar ligado ao grau da DA. Com algumas exceções, a microbiota cutânea de um paciente com DA não grave revela-se bastante semelhante à de uma pele saudável. Em contrapartida, os investigadores demonstram existir uma forte divergência entre os pacientes com DA grave, por um lado, e aqueles com pele saudável ou com DA ligeira a moderada, por outro. Nomeadamente porque a Malassezia se vai reduzindo a um resquício insignificante...
A microbiota da pele
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2. Ellis SR, Nguyen M, Vaughn AR, et al. The Skin and Gut Microbiome and Its Role in Common Dermatologic Conditions. Microorganisms. 2019;7(11):550.
3. Langan SM, Irvine AD, Weidinger S. Atopic dermatitis. Lancet. 2020 Aug 1;396(10247):345-360.