“Febre dos fenos”: a prova da presença da disbiose nasal mostra a ponta do nariz
Faz parte dos 25% de portugueses que ficam com o nariz entupido, a pingar e com comichão com a chegada do verão... ou de um gato? A sensibilização aos alergénios não é a única responsável pela rinite alérgica: a disbiose da microbiota nasal promove os sintomas de alergia. Un estudo sugere que, em particular, a bactéria Streptococcus salivarius atua como um estorvo pegajoso na mucosa nasal, provocando a inflamação em caso de alergia 1 . Quer saber mais sobre estas bactérias? Santinho!
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Sobre este artigo
Estava no ar: há muito que se suspeitava do envolvimento da microbiota nasal na rinite alérgica. Mas o que é exatamente uma alergia? É uma doença crónica causada por uma reação exagerada das células do sistema imunitário em resposta a determinada substância estranha ao nosso corpo que normalmente é inofensiva, como pelos de animais, alimentos, pólen, etc.
Estudos já demonstraram existir uma redução da diversidade microbiana no nariz das pessoas afetadas, associada à produção de anticorpos típicos de uma alergia. Mas que géneros ou espécies de bactérias são responsáveis por esta disbiose nasal? Que papel desempenham nas doenças respiratórias causadas por alergias? Um grupo de investigadores decidiu analisar com toda a precisão a microbiota nasal de 55 pessoas com rinite alérgica, em comparação com a de 105 pessoas saudáveis. E tiveram faro para isso, pois os seus resultados são edificantes.
Streptococcus salivarius sente-se em casa nas narinas das pessoas alérgicas
Os investigadores puderam confirmar a redução da diversidade microbiana nos indivíduos com rinite alérgica em comparação com os indivíduos saudáveis. O género Streptococcus marcou toda a diferença, liderado pela espécie Streptococcus salivarius, que surgiu em grande abundância nos pacientes alérgicos. Em comparação, Staphylococcus epidermidis, uma espécie considerada benéfica para a microbiota nasal, era dominante nos indivíduos saudáveis. No entanto, S. salivarius é uma bactéria que se encontra normalmente na boca e na garganta. É mesmo considerada probiótica e, por conseguinte, boa para a saúde: segrega substâncias antimicrobianas chamadas bacteriocinas. Será que se encontra no nariz das pessoas alérgicas para combater os germes nocivos? Não, porque ao colocá-la em contacto com bactérias conhecidas por colonizarem o nariz, os investigadores verificaram que a S. salivarius dos doentes segregava apenas reduzidas quantidades de bacteriocinas.
Pegajosa, inflamatória... uma bactéria que se deve desalojar do nariz para aliviar as alergias?
Para compreenderem melhor o papel da S. salivarius, os cientistas administraram a ratinhos estas bactérias provenientes de doentes alérgicos, seguidas de Alternaria alternata, um alergénio responsável por esta doença, durante 3 dias. Resultado: os ratinhos sensibilizados reagiram segregando várias proteínas inflamatórias. Além disso, quando S. salivarius de pacientes e S. epidermidis de indivíduos saudáveis foram postas em contacto com células da mucosa nasal de ratinhos, apenas S. salivarius estimulou a inflamação e uma cascata bioquímica associada às reações alérgicas. O gene da mucina 5AC, uma substância "pegajosa" que protege as membranas mucosas, foi também sobrexpresso, um indício de hiper-responsividade respiratória. Finalmente, ao contrário da S. epidermidis, a S. salivarius aderiu mais fortemente às células da mucosa quando exposta ao alergénio, salvo quando os ratinhos tinham sido geneticamente modificados para não produzirem esta mucina. Essa adesão aumenta o contato entre as substâncias pró-inflamatórias da bactéria e os recetores de inflamação da mucosa nasal.
Em suma, a espécie S. salivarius contribuirá específica e diretamente para os ataques de rinite alérgica, provavelmente graças à sua capacidade de aderir à mucosa nasal em caso de alergia. Os investigadores sugerem que terapias antibacterianas visando a bactéria S. salivarius poderiam proporcionar alívio às muitas pessoas afetadas. Uma solução à vista? novos tratamentos? probióticos? Já respiramos melhor.