A microbiota intestinal

Microbiota intestinal: por que razão é tão importante para a nossa saúde?
Temos triliões1 de bactérias que povoam o nosso intestino, com poderes fascinantes para o corpo humano. Qual é a definição de microbiota intestinal? Vamos perceber como funciona a nossa microbiota intestinal e porque temos de cuidar dela!

Publicado em 24 Agosto 2021
Atualizado em 29 Maio 2024
The Gut microbiota

Sobre este artigo

Publicado em 24 Agosto 2021
Atualizado em 29 Maio 2024

Sumário

Sumário

O que é, exatamente, a microbiota intestinal humana?

Já provavelmente ouviu falar em “flora intestinal”. Pois bem, ela designa-se cientificamente “microbiota intestinal”. Consiste em triliões1 de (sidenote: Microrganismos Organismos vivos que são demasiado pequenos para serem vistos a olho nu. Incluem as bactérias, os vírus, os fungos, as arqueias, os protozoários, etc., e são vulgarmente designados "micróbios". What is microbiology? Microbiology Society. ) que habitam o nosso intestino, nomeadamente bactérias, vírus, fungos (incluindo leveduras) e até parasitas.

A propósito, microbiota e microbioma são duas palavras usadas frequentemente como sinónimas, mas que têm significado diferente: enquanto microbiota se utiliza para falar sobre os microrganismos e responder à pergunta “Quem está lá?”, basicamente ao nível dos “indivíduos”, microbioma aplica-se ao respetivo genoma, “ao que está dentro deles”2 para responder à pergunta “o que é que eles fazem”, referindo-se à sua função.

Cada um de nós tem uma microbiota única, como uma impressão digital.1 Quando nascemos, os microrganismos fecais e vaginais transmitidos pela nossa mãe durante o parto vaginal, ou os microrganismos ambientais no caso do parto por cesariana,3 induzem o início de colonização da nossa microbiota intestinal.4 Demora cerca de três anos até que a microbiota intestinal se constitua, diversifique e estabilize.5 Durante a idade adulta,6 a composição da mesma é relativamente estável até à velhice, altura em que atravessa de novo mutações profundas, tornando-se ligeiramente mais empobrecida.7

100 milhões Há 100 milhões de milhões de bactérias "boas" que habitam o nosso intestino.

2.º a microbiota intestinal é frequentemente considerada como o segundo cérebro

Por que é que a microbiota intestinal é importante para a nossa saúde?

A microbiota intestinal pode ser considerada um órgão funcional do corpo humano. Porque é que devemos cuidar da nossa microbiotaTrabalha em estreita colaboração com os nossos intestinos e tem 4 papéis importantes:

Promove a digestão

ao ajudar à absorção pelas células intestinais dos nutrientes (açúcares, aminoácidos, vitaminas, etc.), ou à fermentação de uma pequena parte dos alimentos. Estes processos de fermentação produzem gases e vários metabolitos, incluindo ácidos gordos de cadeia curta, verdadeiro “combustível” para as células do nosso cólon.8

Desempenha um papel importante na maturação do aparelho digestivo,

ao ter intervenção ativa na produção do muco gastrointestinal, na irrigação das células intestinais e na atividade enzimática da mucosa.9

Funciona como barreira

contra os agentes patogénicos e as toxinas.10 Além disso, algumas bactérias libertam moléculas antimicrobianas que atacam as (sidenote: Agente patogénico Um agente patogénico é um microrganismo que provoca ou pode provocar uma doença Pirofski LA, Casadevall A. Q and A: What is a pathogen? A question that begs the point. BMC Biol. 2012 Jan 31;10:6. ) , enquanto outras estimulam a produção de muco para proteger as células intestinais de ataques e evitar os efeitos nocivos para o nosso corpo.11

Desempenha uma função defensiva

no desenvolvimento do sistema imunitário humano. As bactérias da flora intestinal participam na maturação e ativação das células do sistema imunitário do intestino, que por sua vez nos protege contra os ataques de agentes patogénicos como bactérias e vírus. O intestino é o principal reservatório de células imunitárias do nosso corpo. Por seu turno, o sistema imunitário influencia a composição e a diversidade da microbiota.12 

O que é que afeta a nossa microbiota intestinal?

A composição da microbiota intestinal é caraterizada pela sua elevada diversidade (quantidade de espécies diferentes existentes num indivíduo) e pela sua abundância (número total de microrganismos presentes). Quando a composição é alterada, o equilíbrio é rompido e surge uma disbiose,13 que pode estar associada a várias doenças.

Numerosos fatores podem ter impacto na diversidade e composição da microbiota intestinal. De entre esses fatores, destacam-se os seguintes:

Fatores relacionados com o próprio indivíduo, como:

  • Idade 6
  • Genética 13 
  • Determinadas doenças e lesões 13 

Outros fatores associados ao contexto individual:

  • Uso de medicamentos: antibióticos, anti-inflamatórios, etc. 8 
  • Infeções (gastroenterite viral...) 13
  • Estilo de vida: dieta desequilibrada (alimentação rica em gorduras, por exemplo) ou alterações na mesma, stress, tabagismo, excesso de álcool, etc. 13

Quais são as doenças que podem estar ligadas à microbiota intestinal?

A disbiose, causa ou consequência destas doenças? A questão ainda não foi respondida com certeza por estudos científicos.

 

    Vejamos algumas das doenças relacionadas com a disbiose intestinal:

    • A cólica infantil14  afeta 20 a 25% das crianças com idade entre 1 e 4 meses      

    • A diarreia associada a antibióticos15 surge em entre 5 e 35% dos pacientes que tomam antibióticos 

    • A diarreia do viajante é uma infeção causada pela ingestão de alimentos contaminados. Pode ocorrer síndrome do intestino irritável pós-infeciosa em 3% a 17% dos pacientes que tenham sofrido esta infeção16

    • A gastroenterite, geralmente benigna e com mais frequência viral, é responsável por mais de 200.000 mortes de crianças por ano em todo o mundo17  

    • A obesidade é uma doença crónica vulgar, dispendiosa e grave, e afetava 13% da população adulta do mundo (11% dos homens e 15% das mulheres) em 201618.

    • A SCI (síndrome do cólon irritável) é uma das afeções gastrointestinais mais funcionais, sendo caraterizada por dor abdominal e alterações nos hábitos intestinais do hospedeiro (obstipação, diarreia ou alternância entre ambas). A sua prevalência varia bastante de país para país19.

    • A doença de Crohn é uma doença inflamatória do intestino, na qual a inflamação pode atingir todo o sistema digestivo, desde a boca até ao ânus. Estudos recentes comprovam que a microbiota intestinal desempenha uma função importante na etiopatogenia dessa doença20.

    • O cancro do estômago21  e o cancro colorretal22  são dois cancros gastrointestinais associados com a disbiose da microbiota intestinal. 

    Mas o papel da microbiota intestinal humana não se esgota no intestino: estudos recentes indicam que a microbiota intestinal pode ter um papel a desempenhar muito para além do trato gastrointestinal. De facto, a microbiota intestinal tem sido associada a várias doenças externas ao trato intestinal, por exemplo: acne,23 alergias24, obesidade,25, perturbações de ansiedade,26 perturbações do espectro autístico,26 etc., e ainda não é tudo. Parece que a microbiota intestinal poderá também estar associada a alterações neurodegenerativas, como as doenças de Alzheimer,27 ou de Parkinson.28 Efetivamente, existe comunicação bidirecional entre o intestino e o cérebro, o chamado “eixo intestino-cérebro”, e a microbiota intestinal poderá influenciar estas interações. É por isso que há por vezes quem chame ao intestino o nosso segundo cérebro.

    Como cuidar da nossa microbiota?

    Agora já conhece o papel fulcral da microbiota intestinal na saúde humana. Então, como poderá cuidar da sua microbiota intestinal? Como reforçar a nossa microbiota intestinal? Muitos estudos científicos suscitaram a questão de se saber como evitar qualquer perturbação na sua composição e mantê-la o mais equilibrada possível.29 A resposta é mais difícil do que introduzir simplesmente as bactérias ou leveduras boas para preencher ou enriquecer a microbiota existente, ou substituir as más. De facto, a ideia será influenciar a microbiota para ajudá-la a funcionar sem problemas, melhorando assim a saúde do hospedeiro.30

    Há várias formas de se afetar positivamente o equilíbrio e a diversidade da microbiota intestinal :

    Dieta: a diversidade e qualidade daquilo que comemos contribui para o equilíbrio da nossa microbiota intestinal.31,32 Por outro lado, uma dieta mal equilibrada pode afetar a composição do nosso intestino e provocar várias doenças.33 É importante sabermos quais os tipos de alimentos que têm efeitos benéficos ou prejudiciais para mantermos o nosso intestino em forma!34

    Probióticos: os probióticos são microrganismos vivos que, quando administrados em quantidades adequadas, oferecem benefícios para a saúde do hospedeiro.35,36 

    Prebióticos: os prebióticos são fibras alimentares não digeríveis específicas que protegem a saúde e que são utilizadas seletivamente pelos microrganismos benéficos na microbiota do hospedeiro.37,38 Alguns alimentos são particularmente ricos em prebióticos, e é por isso que é importante prestarmos atenção à nossa dieta. Quando aos prebióticos são adicionados probióticos em alguns produtos específicos, designamo-los simbióticos.39

    Transplante: como no caso dos órgãos, a microbiota intestinal pode ser transferida para outra pessoa numa tentativa de restaurar o equilíbrio no seio do respetivo ecossistema microbiano intestinal.32 Conhecida por transplante de micobiota fecal (FMT), esta abordagem terapêutica só está homologada para a cura da Clostridioides difficile recorrente associada a doença,32 encontrando-se ainda sob investigação ativa para se avaliar seu efeito em outras afeções de saúde específicas, como a doença de Crohn, a colite ulcerosa, a síndrome do cólon irritável ou as doenças metabólicas,32 etc.. 

    Oh! E mais uma coisa...

    Agora que já leu tudo o que necessita de saber sobre a microbiota intestinal, temos também de lhe dizer que há microrganismos em todo o nosso corpo: na nossa pele,40 no trato urinário,41 na vagina,42 na boca,43 nos ouvidos,44 nos pulmões,45 e que, como no caso do intestino, esses microrganismos lá residentes desempenham um papel vital na manutenção do respetivo funcionamento, contribuindo para que nos mantenhamos saudáveis. Para saber mais, visite esta página.

    Todas as informações contidas neste artigo são provenientes de fontes científicas aprovadas. Informamos que não são exaustivas.  Eis os estudos de onde extraímos todas estas informações

    Observatório Internacional de Microbiotas

    Descubra os resultados de 2023
    BMI-21.10
    Fontes

    1 Ley RE, Peterson DA, Gordon JI. Ecological and evolutionary forces shaping microbial diversity in the human intestine. Cell. 2006 Feb 24;124(4):837-48.

    2 Ursell LK, Metcalf JL, Parfrey LW, et al. Defining the human microbiome. Nutr Rev. 2012;70 Suppl 1(Suppl 1):S38-S44.

    3 Callaway E. C-section babies are missing key microbes [published online ahead of print, 2019 Sep 18]. Nature. 2019;10.1038/d41586-019-02807-x. 

    4 Sandall J, Tribe RM, Avery L, et al. Short-term and long-term effects of caesarean section on the health of women and children. Lancet. 2018;392(10155):1349-1357.

    5 Bäckhed F, Roswall J, Peng Y, et al. Dynamics and Stabilization of the Human Gut Microbiome during the First Year of Life. Cell Host Microbe. 2015;17(5):690-703.

    6 Yatsunenko T, Rey FE, Manary MJ, et al. Human gut microbiome viewed across age and geography. Nature. 2012 May 9;486(7402):222-7.

    7 Ragonnaud E, Biragyn A. Gut microbiota as the key controllers of "healthy" aging of elderly people. Immun Ageing. 2021 Jan 5;18(1):2. 

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    9 Tomas J, Wrzosek L, Bouznad N, B, et al. Primocolonization is associated with colonic epithelial maturation during conventionalization. FASEB J. 2013 Feb;27(2):645-55.

    10 Caballero S, Pamer EG. Microbiota-mediated inflammation and antimicrobial defense in the intestine. Annu Rev Immunol. 2015;33:227-56.

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    12 Brandtzaeg P. Role of the Intestinal Immune System in Health. In:  Baumgart, Daniel C, eds. Crohn's Disease and Ulcerative Colitis: From Epidemiology and Immunobiology to a Rational Diagnostic and Therapeutic Approach. Springer International Publishing; 2017

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