Fibromialgia: em breve um diagnóstico fiável graças à microbiota?
Devido à falta de um método de diagnóstico fiável, o percurso dos pacientes que sofrem de fibromialgia é um longo calvário... e cheio de dores. Porém, recentes trabalhos1 deixam a esperança da possibilidade do desenvolvimento de um teste simples como uma colheita de sangue.
- Descubra as microbiotas
- Microbiota e doenças associadas
- Aja sobre a sua microbiota
- Publicações
- Sobre o Instituto
Acesso a profissionais de saúde
Encontre aqui o seu espaço dedicadoen_sources_title
en_sources_text_start en_sources_text_end
Sobre este artigo
Um recente artigo talvez determine o fim próximo destes diagnósticos sem fim para milhares de mulheres com fibromialgia, uma doença caracterizada por uma dor crónica difusa, associada à intensa fadiga e a numerosos distúrbios, sobretudo do sono e do humor. Na verdade, nenhum “marcador” permite estabelecer um diagnóstico, como por exemplo, uma lesão do organismo (que uma simples radiografia sirva par determinar uma fratura da tíbia) ou um parâmetro biológico (como uma glicemia permite determinar uma diabetes). Consequência direta: a qualidade de vida das pacientes com fibromialgia é particularmente deteriorada.
Fibromialgia: uma doença quase exclusivamente das mulheres
Apesar de uma predominância feminina, a fibromialgia também atinge os homens, numa proporção de 9:1.2
Fibromialgia: 5 bactérias na linha de mira
Os novos trabalhos poderão ser um marco decisivo de viragem. O seu ponto de partida: a pesquisa das diferenças de composição da microbiota intestinal de 42 pacientes que sofrem de fibromialgia e de outras 42 mulheres saudáveis. Resultado: entre as 16 famílias de bactérias que variam entre as mulheres doentes, a contagem de três bactérias encontrava-se reduzida enquanto duas outras pareciam predominar. Estas 5 espécies de bactérias têm um ponto comum: elas transformam as moléculas chamadas ácidos biliaires primários em (sidenote: Ácidos biliares Os ácidos biliares facilitam a digestão e a absorção dos lípidos no intestino. Também exercem funções de tipo hormonal e estão envolvidos em diversos processos metabólicos. A microbiota intestinal vai modificar os ácidos biliares que, por sua vez, vão afetar a composição da microbiota intestinal. Staels B, Fonseca VA. Bile acids and metabolic regulation: mechanisms and clinical responses to bile acid sequestration. Diabetes Care. 2009;32 Suppl 2(Suppl 2):S237-S245. Li R, Andreu-Sánchez S, Kuipers F, Fu J. Gut microbiome and bile acids in obesity-related diseases. Best Pract Res Clin Endocrinol Metab. 2021;35(3):101493. ) secundários (ABS).
0,2 a 6,6 % da população adulta poderá estar sujeita à fibromialgia.
E, justamente, os autores observam modificações na concentração de certos ABS no sangue de pacientes com fibromialgia: por exemplo, as taxas de ácido α-muricólico estão, em média, 5 vezes mais baixas do que nas mulheres doentes! E não é tudo: quanto mais baixo está o ácido α-muricólico, maior a dor, a fadiga e a intensidade da gravidade dos sintomas. Em resumo, um desequilíbrio intestinal está associado a uma taxa sanguínea de um ácido biliar específico e, este está associado à gravidade dos sintomas nas mulheres com fibromialgia.
A fibromialgia não é...
Pelo fato de ter um diagnóstico complexo, pois os sintomas (dores, fadiga, distúrbios do sono...) são às vezes similares a outras doenças3, a fibromialgia pode ser confundida com:
- A cefaleia
- A síndrome do intestino irritável
- A síndrome da fadiga crónica
Em breve um teste de diagnóstico?
Consequência direta destas observações: bastava medir, através de uma colheita de sangue, a concentração destes pequenos ácidos para detetar com precisão as pessoas com fibromialgia. E assim, objetivar o diagnóstico desta doença. O modelo desenvolvido pelos autores parece promissor: ele mostra uma precisão de 91,7%. O bastante para alimentar uma esperança de um futuro diagnóstico fiável... e o fim do calvário para milhares de mulheres.