Um desequilíbrio da microbiota ao 1 ano de idade permite prever alergia aos 5 anos
Utilizando as fezes de crianças com um ano de idade, investigadores canadianos 1 estão a tentar identificar as comunidades microbianas que permitem prever um futuro alérgico. Desafio: ser-se capaz de, um dia, vir a mudar o curso das coisas através da sua microbiota intestinal.
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Sobre este artigo
Quando estavam prestes a apagar as velas do seu 5º aniversário, algumas das milhares de crianças canadianas que participam num gigantesco estudo denominado (sidenote: https://childstudy.ca/ ) que as tem seguido desde o nascimento, foram diagnosticadas com alergias:
- dermatite atópica
- asma
- rinite alérgica
- e/ou alergias alimentares.
Mas como os seus registos médicos e fezes recolhidas aos 3 meses e 1 ano foram cuidadosamente preservados no âmbito do estudo, os investigadores puderam pesquisar se existiam sinais de alerta. E precisamente, verificaram que existe um sinal universal para estas 4 alergias: a respetiva microbiota intestinal.
Atraso da diversidade e disbiose
Asma, eczema, alergias alimentares, para não falar da febre dos fenos - qualquer que seja a alergia, todos os futuros alérgicos com 1 ano de idade possuíam uma microbiota intestinal demasiado pouco diversificada para a sua idade, como se fossem muito mais jovens do que o seu registo de nascimento indicava. Além dessa falta de maturidade, a microbiota dos futuros pacientes alérgicos apresentava disbiose: 4 espécies de bactérias benéficas surgiam em baixa, enquanto 5 bactérias geralmente consideradas patogénicas se apresentavam demasiado abundantes no seu aparelho digestivo.
Os mecanismos suspeitos
Esse desequilíbrio precoce explicará a menor produção de (sidenote: Ácidos Gordos de Cadeia Curta (AGCC) Os Ácidos Gordos de Cadeia Curta são uma fonte de energia (carburante) das células do indivíduo, interagem com o sistema imunitário e estão envolvidos na comunicação entre o intestino e o cérebro. Silva YP, Bernardi A, Frozza RL. The Role of Short-Chain Fatty Acids From Gut Microbiota in Gut-Brain Communication. Front Endocrinol (Lausanne). 2020;11:25. ) , que são bons para a saúde, e o excesso de produção de moléculas promotoras de inflamação. Isto resulta no desenvolvimento de alergias alguns anos mais tarde... mas também na esperança de um dia se poder reduzi-las através da correção da disbiose intestinal.
Nem todos são iguais perante a alergia
Entretanto, recordemos outro resultado deste estudo: as nossas crianças não são iguais no que diz respeito às alergias. Os rapazes são mais afetados, assim como as crianças com pai e/ou mãe alérgicos e aquelas a quem foram receitados antibióticos antes do seu 1.º ano de idade. Inversamente, a amamentação até aos 6 meses protege contra a alergia, tal como a origem caucasiana. Caso não se escolha o futuro cônjuge pela origem ou pelo registo de saúde, a amamentação pode, por conseguinte, ser encorajada e os antibióticos utilizados com a máxima precaução e apenas mediante receita médica.