Tuberculose: a microbiota e o eixo intestino-pulmão no fulcro da infeção?
As microbiotas intestinal e pulmonar poderão desempenhar um papel importante na patogénese da tuberculose e na eficácia do tratamento. De tal forma que os probióticos e pós-bióticos podem ser ponderados como complementos às terapias atuais ou como estratégias de otimização de medicamentos.
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Sobre este artigo
(sidenote: Tuberculosis_WHO Oct 2021 ) (OMS, 2020), a tuberculose continua a ser um grave problema de saúde pública. Essa doença infeciosa e altamente transmissível é causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis. E, como nos recorda uma revisão recente, vários estudos sugerem o possível envolvimento nela de várias microbiotas.
Disbiose intestinal...
A microbiota intestinal participa na modulação do sistema imunitário do hospedeiro. Vários trabalhos detetaram uma diferença na composição entre os pacientes com tuberculose e os indivíduos saudáveis, com assinaturas intestinais específicas nos doentes (diminuição da diversidade, menor abundância de Bacteroides, etc.), no entanto variável de acordo com as fases de evolução da doença.
1,4 milhões Em 2019, morreram 1,4 milhões de pessoas devido à tuberculose (OMS, 2020).
Além disso, de acordo com alguns estudos em modelos de ratos, a disbiose intestinal pode reduzir a eficácia dos medicamentos contra a tuberculose. Consequência direta: o reequilíbrio da microbiota intestinal com probióticos e pós-bióticos pode aumentar a eficácia desses medicamentos e também melhorar a imunidade do hospedeiro contra a bactéria responsável pela tuberculose. De fato, a atividade antituberculosa in vitro e in vivo desses bióticos coloca em destaque o seu potencial.
…e pulmonar
No que respeita à microbiota pulmonar, os estudos são mais raros. Realizados mediante lavagem broncoalveolar ou através de amostras de expetoração, reportam geralmente uma diminuição da diversidade da microbiota dos pacientes, com alteração das espécies dominantes. Além disso, esses estudos também sugerem um importante papel da microbiota pulmonar na patogénese da tuberculose e na eficácia do tratamento. Daí a perspetiva de se utilizar determinadas bactérias respiratórias comensais como probióticos de próxima geração no tratamento das infeções respiratórias resistentes.
Um eixo intestino-pulmão na infeção
As microbiotas intestinal e pulmonar parecem participar na prevenção, patogénese e tratamento da tuberculose. Como? Atuando sobre a quantidade de células imunitárias e as respetivas funções, produzindo bacteriocinas e bacteriolisinas que combatem o crescimento de M.tuberculosis, e/ou influenciando a biodisponibilidade e farmacocinética dos medicamentos contra a tuberculose. Afinal, existem fortes associações entre a microbiota intestinal e a microbiota pulmonar, através de uma interação bidirecional: as alterações na primeira podem afetar a segunda e vice-versa. Assim, o eixo intestino-pulmão terá um papel fundamental na prevenção e tratamento da tuberculose, ao afetar a resposta imunitária do hospedeiro contra a M. tuberculosis