A doença inflamatória intestinal (DII) crónicas, em particular a doença de Crohn e a colite ulcerosa, são um grupo de doenças crónicas com fases alternadas de surtos e remissão. Estão ligadas a alterações na microbiota intestinal combinando um decréscimo da diversidade bacteriana com uma redução na abundância de certas espécies. Contudo, mais estudos apoiam a ideia de uma simultânea alteração na população de vírus que também se encontra no intestino, como forma da alteração geral da sua diversidade e do aumento específico de vírus que são considerados perigosos.
Abundância de vírus “assassinos”
Para identificar os vírus envolvidos na DII, uma equipa internacional estudou a microbiota intestinal em doentes com doença de Crohn ou colite ulcerosa durante quer os surtos quer a remissão, bem como a microbiota de indivíduos de controlo. Os resultados demonstraram que 70 % dos indivíduos de controlo partilham dois grupos importantes de vírus que formam um “núcleo viral” que é ausente durante a doença. Um grande número de bacteriófagos, de vírus perigosos que destroem as boas bactérias, o que pode explicar a menor diversidade bacteriana observada na microbiota intestinal dos doentes. Os investigadores também encontraram diferenças entre as duas doenças. Por exemplo, as alterações na composição viral e bacteriana da microbiota intestinal são maiores nos doentes com doença de Crohn; nos doentes com colite ulcerosa, há muito poucas alterações entre as fases de surtos e remissão, não havendo uma explicação clara para que assim seja.
Nova abordagem
A análise conjunta das bactérias e dos vírus na microbiota intestinal ajuda-nos a compreender as alterações associadas às doenças inflamatórias intestinais. Esta abordagem poderá possivelmente conduzir ao desenvolvimento de biomarcadores que são úteis para o diagnóstico de novas estratégias terapêuticas.