Cancro do pulmão: uma (super)bactéria para se prever melhor a eficácia dos tratamentos
No caso de doenças como o cancro, é difícil prever a eficácia dos tratamentos. Esta afirmação pode já ser coisa do passado graças a investigações promissoras incidindo sobre a bactéria Akkermansia muciniphila (Akk). Pesquisa sobre a bactéria em questão, que (muito) nos quer bem.
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Sobre este artigo
A imunoterapia é neste momento um tratamento vulgar para o cancro do pulmão de não-pequenas células (CPNPC). No entanto, apenas 35% dos pacientes beneficiam de efeitos a longo prazo: daí a importância de se identificarem marcadores de resposta às imunoterapias para se melhorar as probabilidades de sobrevivência do paciente.
A Akkermansia muciniphila no centro das atenções
Investigadores do Institut de Cancérologie Gustave Roussy (França) já tinham demonstrado que a presença de Akkermansia na microbiota intestinal estava associada a benefícios clínicos nos pacientes tratados com imunoterapia.
O trabalho da equipa de Lisa Derosa, cujos resultados foram publicados na prestigiosa revista Nature Medicine em 2022, avançou um passo mais à frente. Foi centrado no potencial da Akkermansia como marcador preditivo da taxa de sobrevivência e de resposta às imunoterapias dos pacientes com CPNPC.
Foram assim acompanhados 338 pacientes sob imunoterapia durante 4 anos:
- 131 com a flora intestinal contendo Akkermansia (Akk+)
- e 207 sem a mesma (Akk-). As conclusões são muito promissoras.
A microbiota intestinal
Uma melhor sobrevivência dos pacientes
Primeira constatação: há melhor resposta ao tratamento nos pacientes que possuem Akkermansia na sua microbiota, uma vez que a sobrevivência no grupo Akk+ foi de 18,8 meses contra 15,4 meses do grupo Akk-.
Outra conclusão: contrariamente ao grupo Akk-, os pacientes Akk+ apresentaram maior diversidade microbiana na sua microbiota, que incluía bactérias com reconhecidas propriedades benéficas para a saúde e para o estado imunitário como bifidobactérias, Faecalibacterium prausnitzii ou Eubacterium hallii.
Por último, sem que constitua surpresa, a utilização de antibióticos manifestou efeitos negativos para a sobrevivência global dos pacientes tanto do grupo Akk+ como do Akk-, o que confirma a ligação entre o recurso a antibióticos e um mau prognóstico clínico.
A Akkermansia será, portanto, uma bactéria do maior interesse. Vetor de esperança para os pacientes, ela poderá constituir o núcleo de uma potencial abordagem terapêutica direcionada à microbiota no contexto do CPNPC.
Questão a acompanhar!