As partículas finas e poluentes do ar que respiramos não apenas envenenam nossos pulmões, mas também afetam a microbiota intestinal. Os mecanismos envolvidos permanecem desconhecidos, mas de acordo com um estudo recente envolvendo 100 jovens californianos expostos a certos poluentes do ar, a ciência está começando a descobrir os culpados.
O ozono foi destacado
Depois de medir a qualidade do ar ao redor das casas dos voluntários e analisar sua microbiota intestinal, os pesquisadores descobriram que os óxidos de nitrogênio (monóxido e dióxido de nitrogênio do tráfego rodoviário ou geração de energia) perturbam a flora intestinal. No entanto, parece que o dano mais significativo é causado pelo ozono, um poluente formado por meio de reações entre vários outros poluentes. O ozono reduz a diversidade dentro da microbiota intestinal, desequilibrando seu funcionamento. O estudo descobriu que quase 130 espécies bacterianas são afetadas pelo ozono, com apenas 9 influenciadas pelos óxidos de nitrogênio.
Metabolismo interrompido
Acredita-se que a alta exposição ao ozono tenha impacto em mecanismos celulares importantes, como o crescimento celular, a secreção de insulina ou a síntese e degradação de ácidos gordos. Alguns desses processos também podem afetar a integridade da barreira intestinal e o metabolismo. Os pesquisadores sugerem que, por meio de seu impacto sobre a microbiota intestinal, os poluentes do ar podem estabelecer a base para distúrbios metabólicos, como diabetes mellitus tipo 2 ou obesidade.
Combate à poluição para proteger a microbiota
Essa hipótese deve ser avaliada em futuros estudos epidemiológicos e em estudos com animais, a fim de identificar os mecanismos exatos pelos quais a poluição impacta a flora intestinal e promove o aparecimento de doenças em humanos. No entanto, esses resultados preliminares são um lembrete de que a poluição é um grande problema de saúde pública que precisa ser tratado com urgência.