Osteoporose: a microbiota intestinal digere mal a vitamina D
Quando se fala de osteoporose, pensa-se imediatamente na vitamina D. E com razão! É que ela promove a absorção intestinal do cálcio, a qual é indispensável para a manutenção da saúde dos nossos ossos. Uma das primeiras coisas que vêm à ideia é consumi-la mais, mas será que chega? A resposta poderá estar na nossa microbiota intestinal.
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Sobre este artigo
É uma enfermidade progressiva relacionada com o envelhecimento e afeta mais de 200 milhões de pessoas em todo o mundo. Um dos principais conselhos dados por especialistas durante o seu diagnóstico é que se complemente a dieta com vitamina D. Mas, uma vez consumida, a vitamina D tem ainda de ser absorvida pelos nossos intestinos para ser útil aos ossos: uma equipa de investigadores chineses analisou essa etapa crucial e formulou uma hipótese: a microbiota intestinal (MI) desempenhará neste processo um papel fundamental.
Osteoporose
Doença que se carateriza pela deterioração da estrutura interna dos ossos e por uma diminuição progressiva da densidade óssea.
Estudo sobre a relação entre a osteoporose, a microbiota intestinal e a vitamina D: uma estreia!
Tudo resultou de uma simples constatação: os pacientes com osteoporose grave apresentam baixos níveis sanguíneos de vitamina D, frequentemente associados a distúrbios gastrointestinais, o que sugere um envolvimento da microbiota intestinal. Além disso, houve estudos anteriores avaliaram seu potencial valor como ferramenta de diagnóstico. Para dar resposta a essa hipótese, 36 pacientes receberam a mesma alimentação durante todo o estudo. Foram divididos em 2 grupos de acordo com o estadio da doença (precoce ou grave), e procedeu-se a uma análise da sua microbiota intestinal e dos seus níveis sanguíneos de vitamina D. Esta foi a primeira vez que se estudou a relação entre a gravidade da osteoporose, a flora intestinal e o nível de vitamina D.
200 milhões A osteoporose afeta mais de 200 milhões de pessoas em todo o mundo.
Uma microbiota diferente de acordo com a gravidade…
Primeira observação: os pacientes com osteoporose grave possuem uma flora intestinal mais diversificada do que aqueles que apresentam uma forma menos avançada. Houve uma constatação importante neste estudo: a diminuição na abundância de Bifidobacterium nos pacientes com osteoporose grave, bactérias estas já conhecidas por participarem na absorção intestinal de certas gorduras e vitaminas.
21,2% Em todo o mundo, 21,2% das mulheres com 50 anos ou mais sofrem de osteoporose,
6,3% em comparação com apenas 6,3% dos homens da mesma faixa etária.
(sidenote:
Epidemiology of osteoporosis and fragility fractures_International Osteoporosis Foundation
Kanis, J.A. et al., A reference standard for the description of osteoporosis. Bone 2008. 42: p. 467-75
)
…e níveis sanguíneos de vitamina D que variam de acordo com a gravidade da osteoporose
E esta foi a segunda conclusão: os pacientes com osteoporose grave têm níveis sanguíneos significativamente mais baixos de vitamina D do que pacientes em estadio inicial. Como ambos os grupos de pacientes receberam a mesma dieta (e, portanto, a mesma quantidade de vitamina D) ao longo de todo o estudo, é provável que a diferença se situe, portanto, ao nível da sua absorção intestinal.
O conjunto destes resultados sugere, portanto, um potencial envolvimento da MI na absorção de vitamina D.
O mecanismo através do qual a MI influencia a absorção intestinal de vitamina D continua por descobrir, mas falamos de um grande avanço que abre perspetivas interessantes no acompanhamento terapêutico da osteoporose através da microbiota.