Doença de alzheimer: como o nosso intestino nos faz perder a cabeça

Confirma-se a ligação entre a doença de Alzheimer e o desequilíbrio da microbiota intestinal. Este estudo especifica de que forma isso acontece, mediante a identificação de dois elos frágeis: a inflamação e a função de barreira do intestino e do cérebro.

Publicado em 02 Março 2021
Atualizado em 14 Maio 2024

Sobre este artigo

Publicado em 02 Março 2021
Atualizado em 14 Maio 2024

O número de estudos publicados todos os meses sobre a influência da microbiota intestinal no funcionamento do cérebro é de fazer perder a cabeça... Entre esses estudos, muitos são dirigidos ao impacto de um desequilíbrio da microbiota intestinal no aparecimento ou na evolução da doença de Alzheimer (DA). Na investigação em apreço, os investigadores tentaram identificar por que meios as bactérias intestinais intervêm nessa patologia, e, mais especificamente, na acumulação dos famigerados depósitos amiloides.

Seguir a pista do intestino até ao cérebro

Para isso, reuniram cerca de 90 pessoas com idades entre os 50 e os 85 anos, portadoras ou não de DA, no sentido de seguirem a pista do eixo intestino-cérebro. As análises efetuadas visaram avaliar a presença no sangue de: 1) moléculas oriundas das bactérias da microbiota intestinal, 2) moléculas inflamatórias, e 3) marcadores indicando a alteração das barreiras intestinal (permitindo aos compostos do intestino atingir a corrente sanguínea) e hematoencefálica (consentindo a passagem de compostos do sangue para o cérebro). Foi também avaliada a presença de depósitos amiloides no cérebro. O objetivo foi encontrar associações entre todos estes parâmetros, no sentido de se extrapolar os mecanismos envolvidos.

Compostos bacterianos e inflamatórios em questão

Esta busca produziu frutos, uma vez que se encontraram múltiplas associações importantes, por exemplo, entre os depósitos amiloides e a inflamação, por um lado, e a presença de compostos da microbiota intestinal no sangue, por outro, ou ainda entre a presença destes compostos e as alterações na permeabilidade das supracitadas barreiras. Os desequilíbrios da microbiota intestinal poderão, por conseguinte, acionar um mecanismo inflamatório capaz de destruir as barreiras de proteção do organismo, permitindo a fuga de compostos para o cérebro e possibilitando a formação de placas amiloides. Esta perspetiva abre caminho a novas possibilidades terapêuticas, como a administração de um cocktail de bactérias benéficas para a saúde (probióticos), no sentido de se preservar o equilíbrio da microbiota, especialmente em pessoas em risco. No entanto, está ainda por determinar a natureza desse cocktail.

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"Não sabia disso. Muito interessante" - Comentário traduzido de Charlotte Brennan (Da My health, my microbiota)

"Seria bom ler mais sobre isto" Comentário traduzido de Marion MacIntosh (Da My health, my microbiota)

Old sources

Fontes:

Marizzoni M, Cattaneo A, Mirabelli P, et al. Short-Chain Fatty Acids and Lipopolysaccharide as Mediators Between Gut Dysbiosis and Amyloid Pathology in Alzheimer's Disease. J Alzheimers Dis. 2020;78(2):683-697

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