À boleia do intestino: Como as viagens moldam a nossa paisagem interior
Uma nova investigação salienta os efeitos transitórios das viagens na microbiota intestinal e na resistência antimicrobiana, revelando um regresso rápido à diversidade microbiana e aos níveis dos ARG anteriores à viagem. Isto permite compreender a resiliência e a adaptabilidade do intestino.
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Sobre este artigo
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O estilo de vida dos viajantes têm implicações profundas nos ecossistemas internos, tal como demonstra um novo estudo conclusivo 1. A investigação sobre a dinâmica dos genes de resistência antimicrobiana (ARG) e da microbiota intestinal nos viajantes internacionais revela uma narrativa de resiliência e adaptação cativante.
Uma odisseia longitudinal que acompanha os viajantes
No cerne desta investigação reside um objetivo crítico: acompanhar a persistência de quatro ARG (mcr-1, blaNDM, blaCTX−M, e tet(X4)), bem como as alterações na composição da microbiota intestinal durante um período alargado após a viagem. Apesar de estudos anteriores 2 esclarecerem o impacto imediato das viagens internacionais, este estudo longitudinal oferece uma perspetiva abrangente sobre os efeitos duradouros.
Quando as viagens criam a resistência aos antibióticos
The research teA equipa de investigação realizou um estudo de coorte prospetivo, analisando as amostras de fezes de 89 viajantes saudáveis provenientes de Guangzhou, na China. Os dados foram recolhidos em três momentos estratégicos: antes da viagem, imediatamente após a viagem e três meses após o regresso.
Resistência vs. Resiliência
Curiosamente, o estudo revelou que 53% dos viajantes adquiriram pelo menos um ARG durante as suas viagens. Contudo, a maior parte destas aquisições revelou-se transitória. Imediatamente após a viagem, observou-se um aumento significativo na prevalência de determinados ARG. No entanto, numa demonstração de resiliência notável, estes ARG adquiridos foram eliminados no espaço de três meses, com as defesas do intestino a regressarem às bases de referência anteriores à viagem.
O mesmo aconteceu com a microbiota intestinal, que registou uma perturbação temporária da diversidade microbiana após a viagem (72% dos viajantes apresentaram um aumento significativo da diversidade microbiana depois da viagem), seguida de uma restauração do equilíbrio anterior à viagem no espaço de três meses.
À medida que o mundo se torna cada vez mais interligado, as implicações destas descobertas ressoam profundamente no panorama dos cuidados de saúde, sublinhando a necessidade de vigilância e investigação contínua relativamente às viagens globais, a resistência antimicrobiana e o equilíbrio delicado dos nossos ecossistemas internos.
Semana Mundial de Consciencialização do Uso de Antimicrobianos
A Semana Mundial de Consciencialização do Uso de Antimicrobianos (em inglês: WAAW, World AMR Awareness Week) é assinalada anualmente entre 18 e 24 de novembro. Em 2023, o tema escolhido é “Prevenir a resistência antimicrobiana em conjunto”, tal como em 2022. Esta resistência é uma ameaça não só para os seres humanos, mas também para os animais, as plantas e o ambiente.
O objetivo da campanha é, por conseguinte, sensibilizar para a resistência antimicrobiana e promover as melhores práticas, com base no conceito "Uma só saúde", entre todas as partes interessadas (público em geral, médicos, veterinários, criadores e agricultores, decisores, etc.), a fim de reduzir o aparecimento e a propagação de infeções resistentes.