AVC: a microbiota intestinal está diretamente envolvida
Um estudo de aleatorização mendeliana 1 confirma os efeitos causais da microbiota intestinal no AVC isquémico: determinadas bactérias foram identificadas como sendo capazes de aumentar ou reduzir este risco, propondo uma perspetiva de prevenção por meio de probióticos.
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Sobre este artigo
Os estudos observacionais têm uma desvantagem: não sabem quem surgiu primeiro, se o ovo ou a galinha, no que diz respeito à microbiota. Não nos dizem se uma disbiose é a causa ou a consequência de uma doença. A solução? A aleatorização mendeliana, assim chamada em homenagem ao famoso botânico austríaco Gregor Mendel, que definiu os fundamentos da genética por meio de ervilhas.
Aleatorização mendeliana
A aleatorização mendeliana é uma abordagem estatística e genética utilizada na investigação epidemiológica para avaliar as relações causa-efeito entre uma exposição (por exemplo, um fator de risco) e um resultado (por exemplo, uma doença). Baseia-se nas variações genéticas naturais dos indivíduos, herdadas aleatoriamente dos seus pais. A utilização deste método pode, por conseguinte, permitir estabelecer (ou refutar) uma relação causal entre uma exposição (por exemplo, a microbiota intestinal) e as variantes genéticas associadas a uma doença: o acidente vascular cerebral isquémico e, mais especificamente, 3 subtipos (acidente vascular cerebral de grandes artérias, acidente vascular cerebral de pequenos vasos e o acidente vascular cerebral cardioembólico) através dos dados do Consórcio Europeu (sidenote: Consórcio Europeu Megastroke : 40.585 casos de AVC (incluindo 4.373 casos de acidente vascular cerebral de grandes artérias, 5.386 casos de acidente vascular cerebral de pequenos vasos e 7.193 casos de acidente vascular cerebral cardioembólico) e 406.111 indivíduos de origem europeia. ) 2.
Segunda principal causa Em 2016, o AVC foi a segunda principal causa de morte e a terceira principal causa de incapacidade a nível mundial.
70 a 80% 70 a 80% dos acidentes vasculares cerebrais são isquémicos, ou seja, causados por um bloqueio dos vasos que transportam o sangue para o cérebro.
Identificação de algumas bactérias intestinais
Para realizar esta identificação, a equipa chinesa efetuou uma análise de aleatorização mendeliana baseada em 194 características bacterianas dos participantes europeus no Consórcio MiBioGen 3 (18.340 indivíduos de 24 grupos populacionais).
Os resultados extraídos destes grupos mostram que a microbiota intestinal não está ligada aos subtipos de AVC isquémico. No entanto:
- 4 tipos de bactérias aumentam o risco de acidente vascular cerebral de grandes artérias e 5 outras reduzem-no;
- 3 tipos de bactérias aumentam o risco de acidente vascular cerebral de pequenos vasos e 6 diminuem-no;
- 4 tipos bactérias aumentam o risco de acidente vascular cerebral cardioembólico e 5 reduzem-no.
Estes resultados sugerem um efeito causal da abundância de determinadas bactérias no risco de subtipos de AVC. Em particular, pensa-se que as Intestinimonas protege contra o risco de acidente vascular cerebral de grandes artérias e acidente vascular cerebral de pequenos vasos, e que o grupo Lachnospiraceae NK4A136 contra acidente vascular cerebral de pequenos vasos e acidente vascular cerebral cardioembólico. Segundo os autores, estas bactérias poderiam representar 2 probióticos potenciais capazes de reduzir o risco de AVC isquémico através da regulação metabólica, se estudos longitudinais e ensaios clínicos confirmarem os seus resultados.