6 coisas essenciais sobre os antibióticos
Por um lado, eles são um pilar do nosso arsenal terapêutico e salvam milhões de vidas todos os anos. Por outro lado, eles perturbam a microbiota e podem ter pesadas consequências na nossa saúde. Revisão dos 6 pontos essenciais a utilizar com bom senso.
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Sobre este artigo
1. Os antibióticos salvam vidas
Desde a descoberta da penicilina em 1928, o uso generalizado de antibióticos permitiu salvar milhões de vidas. Principal arma na luta contra as infeções bacterianas, os antibióticos ajudaram a ganhar quase 20 anos de esperança de vida conjuntamente com as vacinas.1
![Antibióticos PT](/sites/default/files/styles/image_920x550_/public/2023-11/vignette%20PT.png.webp?itok=Yaeo3yLK)
2. Os antibióticos destroem as espécies responsáveis pela infeções, mas também bactérias boas
Intestinos, vagina, pulmões, pele... Há várias partes do nosso corpo que abrigam (sidenote: Microrganismos Organismos vivos que são demasiado pequenos para serem vistos a olho nu. Incluem as bactérias, os vírus, os fungos, as arqueias, os protozoários, etc., e são vulgarmente designados "micróbios". What is microbiology? Microbiology Society. ) (bactérias, fungos e vírus). São as chamadas microbiotas2. Os antibióticos, embora erradiquem os germes patogénicos responsáveis pela nossa infeção, podem também destruir determinadas bactérias benéficas no seio da nossa microbiota e causar um desequilíbrio mais ou menos importante nesse ecossistema. É aquilo a que se chama uma (sidenote: Disbiose A "disbiose" não é um fenómeno homogéneo – varia em função do estado de saúde de cada indivíduo. É geralmente definida como uma alteração da composição e do funcionamento da microbiota, causada por um conjunto de fatores ambientais e relacionados com o indivíduo que perturbam o ecossistema microbiano. Levy M, Kolodziejczyk AA, Thaiss CA, et al. Dysbiosis and the immune system. Nat Rev Immunol. 2017;17(4):219-232. ) .
![Antibióticos são bem conhecidos por destruir patógenos, mas poucos sabem que eles também podem eliminar certas bactérias benéficas, chamadas comensais de nossa microbiota](/sites/default/files/styles/wide/public/2022-10/Antibio%CC%81ticos%20destroem%20agentes%20patoge%CC%81nicos%20mas%20tambe%CC%81m%20bacte%CC%81rias%20bene%CC%81ficas.png.webp?itok=Iv5AVaOZ)
Isto aplica-se a todas as microbiotas do corpo:
3. Os antibióticos podem causar efeitos secundários
Ao induzirem a disbiose, os antibióticos podem gerar impactos negativos para a saúde. A principal complicação a curto prazo é a alteração do trânsito intestinal em alguns pacientes. Na maioria das vezes, isto traduz-se em diarreia, estando a microbiota intestinal menos capaz de cumprir as suas funções protetoras. Essa diarreia associada aos antibióticos é geralmente de intensidade leve a moderada e a sua incidência varia de acordo com a idade, o tipo de antibióticos, o contexto, etc.. Pode afetar até 35%9,10,11 dos pacientes, sendo que, nas crianças, essa percentagem pode atingir 80%.9 Em 10 a 20% dos casos, a diarreia resulta de infeção por Clostridioides difficile (C. difficile)11: esta bactéria coloniza a microbiota intestinal e pode tornar-se patogénica sob a influência de determinados fatores (a toma de antibióticos, por exemplo). As consequências clínicas variam, desde diarreias ligeiras a sintomas muito mais graves ou mesmo morte.11
35% A diarreia associada a antibióticos pode afetar até 35% dos pacientes
80% e até 80% se os pacientes forem crianças
4. Os antibióticos podem causar efeitos a longo prazo quando ocorre muito cedo na vida
A diarreia associada aos antibióticos não é a única manifestação de disbiose associada a antibióticos. Esta será também responsável por efeitos a longo prazo quando ocorre muito cedo na vida. Com efeito, o período perinatal, que se caracteriza pelo desenvolvimento da microbiota intestinal e pela maturação do sistema imunitário, constitui uma altura particularmente sensível : a disbiose induzida pela toma de antibióticos nesta fase parece ser um fator de risco de ocorrência de doenças crónicas (obesidade, diabetes, asma, doenças inflamatórias intestinais crónicas).13
![A antibioticoterapia está associada a um aumento na suscetibilidade a várias doenças crônicas, como obesidade, diabetes, síndrome do intestino irritável, câncer colorretal, asma ou dermatite atópica. Durante os 2 anos após o nascimento, é ainda mais perigoso usar antibióticos, pois é o período de desenvolvimento de nosso sistema intestinal e imunológico.](/sites/default/files/styles/wide/public/2022-10/antibioticos%20e%20doenc%CC%A7as%20cronicas.png.webp?itok=KmPLNaqY)
5. A utilização inadequada de antibióticos é responsável pela resistência aos mesmos
A resistência aos antibióticos consiste no facto de um tratamento por antibióticos deixar de ser eficaz contra uma infeção bacteriana1. A que é que isto se deve? Os antibióticos são eficazes apenas face a bactérias e não produzem efeito nos vírus (por exemplo, no da gripe)14. O seu uso inadequado (no caso de uma infeção viral, por exemplo) ou excessivo - tanto no ser humano como em animais - acelera esse fenómeno. A resistência aos antibióticos implica a estadias mais longas nos hospitais, aumento das despesas de saúde e aumento dos óbitos. É por isso que constitui, à escala global, um importante problema de saúde pública1.
![O uso inadequado dos antiblinóticos é responsável pela resistência aos antibióticos. De fato, entre todas as bactérias, apenas uma pequena parte são inicialmente resistentes a antibióticos, mas o uso de antibióticos elimina certas bactérias benéficas, não resistentes aos antibióticos. As bactérias resistentes proliferarão e assumirão, além disso, certas bactérias transmitem sua resistência aos antibióticos a outras bactérias, o que acentua os problemas.](/sites/default/files/styles/wide/public/2022-10/Utilizac%CC%A7a%CC%83o%20inadequada%20de%20antibio%CC%81ticos%20e%20resiste%CC%82ncia%20aos%20antibio%CC%81ticos.png.webp?itok=n6d7km3j)
6. Todos os anos, há uma Semana Mundial de Conscientização sobre a RAM
Todos os anos, de 18 a 24 de novembro, a OMS organiza a Semana Mundial de Conscientização sobre a RAM, que visa aumentar a consciencialização para o fenómeno da resistência aos (sidenote: Antimicrobianos Categorias de medicamentos que reúnem os antibióticos (ação contra as bactérias), os antivirais (contra os vírus), os antiparasitários (contra os parasitas) e os antifúngicos (contra os fungos) WHO Antimicrobial Resistance; Oct 2020 ) e incentivar o público em geral, os profissionais de saúde e os decisores políticos a adotarem as melhores práticas para combaterem o surgimento e a disseminação das resistências. Na qualidade de especialista em microbiota, o Biocodex Microbiota Institute adere a esta iniciativa.
Se estiver interessado nos efeitos dos antibióticos na sua saúde e na sua microbiota, ou se quiser saber mais sobre a Semana Mundial de Conscientização sobre a RAM (WAAW), recomendamos-lhe que vá a esta outra página:
Antibióticos: que impacto na microbiota e na saúde?
Semana Mundial de Conscientização sobre a RAM (WAAW), que tem como objetivo aumentar a sensibilização para a resistência antimicrobiana mundial.
A resistência antimicrobiana ocorre quando as bactérias, vírus, parasitas e fungos alteram-se com o tempo e já não respondem aos medicamentos. Como resultado da resistência aos medicamentos, os antibióticos e outros medicamentos antimicrobianos tornam-se ineficazes e as infeções tornam-se cada vez mais difíceis ou impossíveis de tratar, aumentando o risco de propagação de doenças, doenças graves e morte.
Realizada entre 18 e 24 de novembro, esta campanha incentiva o público em geral, os profissionais de saúde e os decisores a utilizar cuidadosamente antibióticos, antivirais, antifúngicos e antiparasíticos, de forma a evitar o surgimento futuro de resistência antimicrobiana.
1. WHO Antimicrobial Resistance; Oct 2020; https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/antimicrobial-resistance
9. McFarland LV, Ozen M, Dinleyici EC et al. Comparison of pediatric and adult antibiotic-associated diarrhea and Clostridium difficile infections. World J Gastroenterol. 2016;22(11):3078-3104.
10. Bartlett JG. Clinical practice. Antibiotic-associated diarrhea. N Engl J Med 2002;346:334-9.
11. Theriot CM, Young VB. Interactions Between the Gastrointestinal Microbiome and Clostridium difficile. Annu Rev Microbiol. 2015;69:445-461.
14. Centers for Disease Control and Prevention; Patient Education and Promotional Resources https://www.cdc.gov/antibiotic-use/community/pdfs/aaw/au_improving-antibiotics-infographic_8_5x11_508.pdf