6 coisas essenciais sobre os antibióticos
Por um lado, eles são um pilar do nosso arsenal terapêutico e salvam milhões de vidas todos os anos. Por outro lado, eles perturbam a microbiota e podem ter pesadas consequências na nossa saúde. Revisão dos 6 pontos essenciais a utilizar com bom senso.
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Sobre este artigo
1. Os antibióticos salvam vidas
Desde a descoberta da penicilina em 1928, o uso generalizado de antibióticos permitiu salvar milhões de vidas. Principal arma na luta contra as infeções bacterianas, os antibióticos ajudaram a ganhar quase 20 anos de esperança de vida conjuntamente com as vacinas.1
2. Os antibióticos destroem as espécies responsáveis pela infeções, mas também bactérias boas
Intestinos, vagina, pulmões, pele... Há várias partes do nosso corpo que abrigam (sidenote: Microrganismos Organismos vivos que são demasiado pequenos para serem vistos a olho nu. Incluem as bactérias, os vírus, os fungos, as arqueias, os protozoários, etc., e são vulgarmente designados "micróbios". What is microbiology? Microbiology Society. ) (bactérias, fungos e vírus). São as chamadas microbiotas2. Os antibióticos, embora erradiquem os germes patogénicos responsáveis pela nossa infeção, podem também destruir determinadas bactérias benéficas no seio da nossa microbiota e causar um desequilíbrio mais ou menos importante nesse ecossistema. É aquilo a que se chama uma (sidenote: Disbiose A "disbiose" não é um fenómeno homogéneo – varia em função do estado de saúde de cada indivíduo. É geralmente definida como uma alteração da composição e do funcionamento da microbiota, causada por um conjunto de fatores ambientais e relacionados com o indivíduo que perturbam o ecossistema microbiano. Levy M, Kolodziejczyk AA, Thaiss CA, et al. Dysbiosis and the immune system. Nat Rev Immunol. 2017;17(4):219-232. ) .
Isto aplica-se a todas as microbiotas do corpo:
3. Os antibióticos podem causar efeitos secundários
Ao induzirem a disbiose, os antibióticos podem gerar impactos negativos para a saúde. A principal complicação a curto prazo é a alteração do trânsito intestinal em alguns pacientes. Na maioria das vezes, isto traduz-se em diarreia, estando a microbiota intestinal menos capaz de cumprir as suas funções protetoras. Essa diarreia associada aos antibióticos é geralmente de intensidade leve a moderada e a sua incidência varia de acordo com a idade, o tipo de antibióticos, o contexto, etc.. Pode afetar até 35%9,10,11 dos pacientes, sendo que, nas crianças, essa percentagem pode atingir 80%.9 Em 10 a 20% dos casos, a diarreia resulta de infeção por Clostridioides difficile (C. difficile)11: esta bactéria coloniza a microbiota intestinal e pode tornar-se patogénica sob a influência de determinados fatores (a toma de antibióticos, por exemplo). As consequências clínicas variam, desde diarreias ligeiras a sintomas muito mais graves ou mesmo morte.11
35% A diarreia associada a antibióticos pode afetar até 35% dos pacientes
80% e até 80% se os pacientes forem crianças
4. Os antibióticos podem causar efeitos a longo prazo quando ocorre muito cedo na vida
A diarreia associada aos antibióticos não é a única manifestação de disbiose associada a antibióticos. Esta será também responsável por efeitos a longo prazo quando ocorre muito cedo na vida. Com efeito, o período perinatal, que se caracteriza pelo desenvolvimento da microbiota intestinal e pela maturação do sistema imunitário, constitui uma altura particularmente sensível : a disbiose induzida pela toma de antibióticos nesta fase parece ser um fator de risco de ocorrência de doenças crónicas (obesidade, diabetes, asma, doenças inflamatórias intestinais crónicas).13
5. A utilização inadequada de antibióticos é responsável pela resistência aos mesmos
A resistência aos antibióticos consiste no facto de um tratamento por antibióticos deixar de ser eficaz contra uma infeção bacteriana1. A que é que isto se deve? Os antibióticos são eficazes apenas face a bactérias e não produzem efeito nos vírus (por exemplo, no da gripe)14. O seu uso inadequado (no caso de uma infeção viral, por exemplo) ou excessivo - tanto no ser humano como em animais - acelera esse fenómeno. A resistência aos antibióticos implica a estadias mais longas nos hospitais, aumento das despesas de saúde e aumento dos óbitos. É por isso que constitui, à escala global, um importante problema de saúde pública1.
6. Todos os anos, há uma Semana Mundial de Conscientização sobre a RAM
Todos os anos, de 18 a 24 de novembro, a OMS organiza a Semana Mundial de Conscientização sobre a RAM, que visa aumentar a consciencialização para o fenómeno da resistência aos (sidenote: Antimicrobianos Categorias de medicamentos que reúnem os antibióticos (ação contra as bactérias), os antivirais (contra os vírus), os antiparasitários (contra os parasitas) e os antifúngicos (contra os fungos) WHO Antimicrobial Resistance; Oct 2020 ) e incentivar o público em geral, os profissionais de saúde e os decisores políticos a adotarem as melhores práticas para combaterem o surgimento e a disseminação das resistências. Na qualidade de especialista em microbiota, o Biocodex Microbiota Institute adere a esta iniciativa.
Se estiver interessado nos efeitos dos antibióticos na sua saúde e na sua microbiota, ou se quiser saber mais sobre a Semana Mundial de Conscientização sobre a RAM (WAAW), recomendamos-lhe que vá a esta outra página:
Antibióticos: que impacto na microbiota e na saúde?
Semana Mundial de Conscientização sobre a RAM (WAAW), que tem como objetivo aumentar a sensibilização para a resistência antimicrobiana mundial.
A resistência antimicrobiana ocorre quando as bactérias, vírus, parasitas e fungos alteram-se com o tempo e já não respondem aos medicamentos. Como resultado da resistência aos medicamentos, os antibióticos e outros medicamentos antimicrobianos tornam-se ineficazes e as infeções tornam-se cada vez mais difíceis ou impossíveis de tratar, aumentando o risco de propagação de doenças, doenças graves e morte.
Realizada entre 18 e 24 de novembro, esta campanha incentiva o público em geral, os profissionais de saúde e os decisores a utilizar cuidadosamente antibióticos, antivirais, antifúngicos e antiparasíticos, de forma a evitar o surgimento futuro de resistência antimicrobiana.
1. WHO Antimicrobial Resistance; Oct 2020; https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/antimicrobial-resistance
9. McFarland LV, Ozen M, Dinleyici EC et al. Comparison of pediatric and adult antibiotic-associated diarrhea and Clostridium difficile infections. World J Gastroenterol. 2016;22(11):3078-3104.
10. Bartlett JG. Clinical practice. Antibiotic-associated diarrhea. N Engl J Med 2002;346:334-9.
11. Theriot CM, Young VB. Interactions Between the Gastrointestinal Microbiome and Clostridium difficile. Annu Rev Microbiol. 2015;69:445-461.
14. Centers for Disease Control and Prevention; Patient Education and Promotional Resources https://www.cdc.gov/antibiotic-use/community/pdfs/aaw/au_improving-antibiotics-infographic_8_5x11_508.pdf