Microplásticos: um verdadeiro banquete para as bactérias!

As bactérias tóxicas que colonizam as micropartículas plásticas que poluem os oceanos – de forma mais acentuada nas áreas com forte atividade humana e elevado tráfego marítimo - podem causar o branqueamento dos recifes de coral e infeções nos seres humanos.

Publicado em 08 Julho 2020
Atualizado em 28 Dezembro 2021
Actu GP : Microplastiques : un régal pour les bactéries !

Sobre este artigo

Publicado em 08 Julho 2020
Atualizado em 28 Dezembro 2021

 

Cerca de um terço da produção anual de plástico do mundo acaba como poluente terrestre ou marinho, ou seja, mais de (sidenote: https://www.wwf.fr/sites/default/files/doc-2019-03/20190305_Rapport_Pollution-plastique_a_qui_la_faute_WWF.pdf ) . Entre esses resíduos, as micropartículas plásticas provenientes das indústrias da cosmética, petroquímica e de vestuário são um sério problema ambiental. Com menos de 5 mm, estas micropartículas conseguem evitam os sistemas de filtragem e são libertadas em ambientes aquáticos, onde são necessários vários séculos para que desapareçam devido à elevada salinidade e baixas temperaturas. Como resultado, estas são colonizadas por todos o tipo de bactérias (às vezes tóxicas), antes de acabarem no estômago de alguns habitantes marinhos que são enganados com uma falsa refeição.

As costas de Singapura foram examinadas de perto

Por todo o mundo foram já realizados vários estudos para identificar a natureza dos microrganismos que proliferam na superfície dos microplásticos. E quanto a Singapura? Será que os resíduos poluentes nas águas mais frequentadas das praias têm o mesmo perfil bacteriano que o das praias imaculadas, muito raramente “pisadas” pelas pessoas? Dois investigadores da Universidade de Singapura (Malásia) decidiram investigar. Entre abril e julho de 2018, estes recolheram e analisaram um total de 275 amostras de microplásticos - desde fragmentos, fibras, espumas, granulados, películas - de três praias diferentes, com diferentes afluências turísticas.

Humanos são culpados

Os resultados não surpreenderam: quanto mais frequentada a praia, mais poluída esta era. Contudo, a natureza dos microplásticos e a das espécies bacterianas que os cobriam eram significativamente diferentes em cada praia. Esta observação confirmou o impacto das atividades humanas sobre essa poluição, também modulada por ventos e marés. A boa notícia é que os investigadores concluíram que o ecossistema se adapta aos poluentes, promovendo o desenvolvimento de espécies bacterianas capazes de os desfazer. A má notícia é que o ecossistema também favorece o surgimento de agentes patogénicos, responsáveis por infeções de feridas ou doenças gastrointestinais. Ou seja, ao ingerir inadvertidamente esses microplásticos, os organismos marinhos também podem desencadear a acumulação e a subsequente transferência de agentes patogénicos para a cadeia alimentar.

 

Old sources

Fontes:

E Curren, S Chee, Y Leong. Profiles of bacterial assemblages from microplastics of tropical coastal environments. Science of the Total Environment 2019 Mar 10;655:313-320.

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