Burla, (falsa) ciência e publicações
A publicação de artigos científicos, indispensável à investigação, enfrenta atualmente dois males: as revistas predatórias e os artigos manipulados. Explicação.
- Descubra as microbiotas
- Microbiota e doenças associadas
- Aja sobre a sua microbiota
- Publicações
- Sobre o Instituto
Acesso a profissionais de saúde
Encontre aqui o seu espaço dedicadoen_sources_title
en_sources_text_start en_sources_text_end
Sobre este artigo
Parecem-se com artigos ou revistas científicas, pelo menos na forma... mas não são nem uma coisa nem outra digna desse nome. Hoje, dois males assolam o mundo da publicação científica: revistas “falsas” e artigos “falsos”.
Revistas predatórias (predatory journals)
O princípio das revistas predatórias é simples: publicam artigos porque os respetivos autores lhe pagam para o fazer, e não devido à qualidade desses artigos. Tal permite a alguns autores a publicação de resultados medíocres sem qualquer mérito. Permite também a grupos de interesses dar destaque a estudos que sabem ser tendenciosos ou falsificados, no sentido de promover o produto ou o setor por eles representado (por exemplo um medicamento). Problema: é difícil reconhecer essas revistas predatórias porque se parecem como duas gotas de água com as verdadeiras, das quais plagiam por vezes até o nome. E isto a tal ponto que enganam bons cientistas, quer fazendo com que permitam a publicação nelas de bons artigos, quer levando-os a deixarem-se influenciar pelos maus que leem. Felizmente, há listagens on-line dessas revistas predatórias (mais de 14.000 títulos recenseados no início de 2021), publicadas por associações e por investigadores que não deixam de as perseguir, como https://predatoryjournals.com.
Fábricas de artigos (paper mills)
Além dessas "revistas falsas", há também "artigos falsos" escritos por "fábricas" cujo trabalho é fornecer ao preço da chuva artigos prontos a usar a autores em busca de inspiração ou de promoção na carreira. O problema é que, frequentemente, os resultados científicos são quase totalmente inventados e os dados em que se baseiam inteiramente errados. De tal forma que é possível ler aqui e ali, mesmo em revistas muito boas e que foram enganadas, artigos sobre o cancro, por exemplo, cujos dados são pura ficção científica.
14.000 Mais de 14.000 títulos recenseados no início de 2021
400 Mais de 400 artigos de investigação falsos que foram publicados
Elisabeth Bik, uma microbiologista holandesa especializada em integridade científica (e em microbiota!), identificou mais de 400 artigos de investigação falsos que foram publicados na China por apenas uma dessas fábricas de artigos1. Por isso, e embora os investigadores persigam implacavelmente essas ovelhas negras da publicação científica, é necessário cautela, porque qualquer pessoa pode ser enganada. Ciente de tais fraudes, o Biocodex Microbiota Institute dedica o maior cuidado à escolha dos artigos que coloca em destaque no seu site.
Criadora dos blogs Integrity Digest (sobre integridade científica) e Microbiome Digest (sobre a investigação no domínio da microbiota).