A alergia à proteína do leite de vaca é uma patologia que afeta muitos recém-nascidos que são alimentados com fórmula infantil. Esta alergia é normalmente caraterizada por sintomas gastrointestinais variáveis (dores abdominais, diarreia, vómitos), respiratórios (tosse, espirros) e cutâneos (urticária, eczema), mais ou menos específicos. O comprometimento da microbiota intestinal devido ao aumento de cesarianas e a diminuição do aleitamento materno podem explicar esse fenómeno cada vez mais frequente.
A microbiota em questão
Depois de observar que a composição da microbiota de crianças alérgicas ao leite de vaca é muito diferente da das crianças não alérgicas, uma equipa de investigadores americana fez uma parceria com investigadores de Nápoles, na Itália, para investigar o papel da bactéria comensal (naturalmente presente no intestino) na prevenção das alergias alimentares. Os cientistas transplantaram a microbiota de recém-nascidos alérgicos ou saudáveis para ratinhos sem germes. Quando expostos ao alérgeno do leite de vaca (beta-lactoglobulina), todos os roedores do primeiro grupo desenvolveram uma reação anafilática (reação alérgica grave e generalizada), enquanto os do segundo grupo não apresentaram qualquer sintoma.
Uma espécie protetora foi identificada
Com base nas investigações, os cientistas identificaram as espécies bacterianas que parecem estar associadas a um menor risco de reação alérgica: Anaerostipes caccae, uma espécie produtora de butirato que garante uma boa saúde intestinal. No entanto, não chegaram a uma conclusão clara se o desequilíbrio da composição da microbiota ("disbiose") é causa ou consequência da alergia ao leite de vaca. Os resultados demonstraram que as bactérias comensais desempenharam um papel importante na prevenção de alergias alimentares, ou pelo menos na alergia ao leite de vaca, e confirmam os benefícios do desenvolvimento de estratégias inovadoras baseadas na modulação da microbiota para prevenir e / ou tratar essas doenças.
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