Dr. Perez-Cruz (vencedora mexicana 2020): microbiota intestinal e disfunção cognitiva feminina

Para comemorar o Dia Mundial da Microbiota (#WorldMicrobiomeDay), o Biocodex Microbiota Institute passa a palavra aos beneficiários de Bolsas nacionais.

Publicado em 15 Junho 2022
Atualizado em 13 Julho 2022

Sobre este artigo

Publicado em 15 Junho 2022
Atualizado em 13 Julho 2022

Cientista experimental, estuda o impacto da microbiota intestinal sobre as funções cognitivas superiores do cérebro. Dedica-se, em especial, à relação entre determinadas bactérias intestinais específicas e a eclosão da demência e da neurodegeneração, como na doença de Alzheimer (DA). A sua equipa explora a possível relação entre a microbiota intestinal e as alterações cognitivas após a menopausa nas mulheres. O seu objetivo é a descoberta de um tratamento preventivo para a DA nas mulheres. 

O que é que a bolsa nacional permitiu descobrir na sua área de investigação da microbiota? 

A Bolsa da Fundação Biocodex (2020) permitiu-nos iniciar um estudo multidisciplinar com o objetivo de perceber a interação entre a microbiota intestinal e a disfunção cognitiva nas mulheres.


Há provas científicas que indicam que os pacientes com Alzheimer desenvolvem uma disbiose intestinal cada vez mais grave à medida que a doença progride. Dados preliminares do nosso laboratório demonstram que ratos fêmea transgénicos para a doença de Alzheimer não possuem bactérias intestinais específicas relacionadas com o metabolismo do estrogénio. O estrogénio é uma hormona sexual associada ao reforço da função cognitiva. Após a menopausa, o declínio abrupto dos níveis de estrogénio pode ser relacionado com a disfunção cognitiva e a demência. Assim, partimos da hipótese de que a disbiose intestinal pode aumentar o risco de surgimento de demência nas mulheres devido à falta de bactérias relacionadas com o estrogénio. 


Concebemos um estudo clínico transversal com mulheres a sofrer de Alzheimer e controlos saudáveis, em colaboração com o Instituto Nacional de Neurocirurgia e Neurologia (INNN). Enquanto abordagem translacional, estamos a realizar um estudo pré-clínico no CINVESTAV com ratos fêmea transgénicos e companheiros de ninhada selvagens para se determinar a reprodutibilidade dos dados humanos. Estamos atualmente na fase final de conclusão dos estudos.
 

Quais são as consequências para os pacientes? 

Ser-se mulher é um fator de risco para o aparecimento da doença de Alzheimer, uma vez que dois terços dos casos em todo o mundo afetam o sexo feminino. Tem sido proposto que a falta de estrogénio após a menopausa provoca disfunções cognitivas e demência. No entanto, as terapias de reposição de estrogénio não têm apresentado resultados consistentes devido a uma estreita margem terapêutica e aos níveis ideais de estrogénio. 


Atualmente, há mais de 50 milhões de pessoas diagnosticadas com a doença de Alzheimer, das quais mais de 33 milhões são mulheres. Se a nossa hipótese de trabalho for aprovada, poderemos conceber intervenções terapêuticas para aumentar a abundância de bactérias relacionadas com o estrogénio, no sentido de se prevenir as alterações cognitivas e a demência após a menopausa nas mulheres. Esta abordagem terá um significativo impacto na qualidade de vida das mulheres ao longo de décadas após a menopausa.

 

Os vencedores da Fundação

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