Microbiota 16 - Setembro 2022
Caros leitores,
Eixo intestino-cérebro. Se é um leitor regular da Revista Microbiota, sabe que a investigação está gradualmente a revelar o sistema bidirecional de comunicação entre o microbioma intestinal e o cérebro. Também leu que esta comunicação intestino-cérebro é fundamental para compreender melhor como a microbiota intestinal está associada ao desenvolvimento de algumas doenças. Utilizemos o exemplo da síndrome do intestino irritável (SII). Mesmo que a fisiopatologia da SII não seja totalmente compreendida, é considerada como uma comunicação alterada bidirecional entre o trato digestivo e o sistema nervoso central (Overview, Microbiota 13). Há outro exemplo com perturbações complexas do neurodesenvolvimento: as perturbações do espectro do autismo (PEA). Mais uma vez, os mecanismos fisiopatológicos por detrás ainda são mal compreendidos, mas algumas descobertas consistentes sugerem interações robustas entre a microbiota intestinal e o cérebro (Overview, Microbiota 15).
Nesta edição, a Prof. Sian Joanna Hemmings descreve outro exemplo desta comunicação bidirecional crucial. Ela revê a literatura atual sobre o eixo microbioma-intestino-cérebro, e como este sistema bidirecional de comunicação pode desempenhar um papel na etiologia das perturbações relacionadas com o stress, como as perturbações de stress pós-traumático (PSPT), as perturbações de ansiedade e as grandes perturbações depressivas (MDD). Segundo o autor, “as provas que sugerem que o microbioma intestinal é alterado nas perturbações relacionadas com o stress continuam a crescer, delineando um perfil microbiano intestinal específico associado ao desenvolvimento das perturbações relacionadas com o stress. Este perfil microbiano intestinal específico pode facilitar a identificação de biomarcadores fiáveis de risco associado à doença e prever a predisposição para o desenvolvimento destas perturbações”.
Comunicação do eixo intestino-cérebro, mas também interação e associação, este tríptico é o fio condutor da Revista Microbiota 16. Seja a associação entre a DII e microplásticos nas fezes (pelo Dr. Alberto Caminero) ou a interação entre a microbiota oral e a Covid-19 (pelo Dr. Jay Patel), isto é óbvio: tudo está ligado!
Desfrute da sua leitura.
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