Dr. Wauters (vencedor da Bélgica 2018): microbioma duodenal e dispepsia
Para comemorar o Dia Mundial da Microbiota (#WorldMicrobiomeDay), o Biocodex Microbiota Institute passa a palavra aos beneficiários de Bolsas nacionais.
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Sobre este artigo
Dr. Wauters, Lucas
Investigador clínico com experiência em imunologia, microbiologia e ensaios clínicos com incidência no intestino delgado e na nutrição.
O que é que a bolsa nacional permitiu descobrir na sua área de investigação da microbiota?
A microbiota intestinal humana é hoje em dia amplamente reconhecida como exercendo uma das principais contribuições para a saúde, mas a presença de uma microbiota proximal do intestino delgado o dou duodeno é ainda bastante subestimada. Com o apoio da bolsa nacional, estudámos a microbiota luminal e da mucosa duodenal em pacientes com dispepsia funcional e em voluntários saudáveis. Foi encontrada uma relação entre bactérias específicas e os sintomas nos pacientes, tendo sido possível associar alterações bacterianas geradas pelos inibidores da bomba de protões (IBP) a potenciais efeitos indesejáveis desses medicamentos nos voluntários saudáveis.
Quais são as consequências para os pacientes?
A descoberta de potenciais biomarcadores microbianos e alvos terapêuticos pode, em última análise, contribuir para o diagnóstico e para tratamentos inovadores visando a dispepsia funcional. Além disso, as alterações microbianas provocadas pelos IBP constituem argumentos adicionais para não se iniciar ou continuar a toma desses medicamentos sem indicação clara, e para se limitar a sua prescrição inadequada.
Do seu ponto de vista, qual foi o maior avanço dos últimos anos relacionado com a microbiota?
Uma melhor caracterização da microbiota intestinal saudável, por exemplo, os efeitos da consistência das fezes e da perfilagem quantitativa da microbiota (Vandeputte et al., Gut 2016 e Nature 2017) no sentido de se definir as alterações na mesma verdadeiramente relacionadas com doença (por exemplo, as não relativas apenas a diferenças no tempo de trânsito).
Pensa que existe recentemente um interesse crescente pela microbiota?
Sim, mas é necessária uma maior normalização para que se possa comparar diferentes estudos.
Tem alguma sugestão para cuidarmos da nossa microbiota?
Cuidar do intestino, utilizando alimentos à base de plantas com prebióticos naturais.
Há alguma situação curiosa ou facto/história surpreendente que possa partilhar sobre a sua investigação?
As amostras de fezes não fornecem informações detalhadas sobre a microbiota do intestino delgado, cujas técnicas de amostragem ideais ainda estão a ser estudadas.
Qual é, para si, a bactéria mais fascinante?
Os lactobacilos, devido ao seu elevado potencial de fermentação.
Lembra-se de alguém que lhe sirva de exemplo? (na área de investigação? / na medicina? / em geral?)
Andreas Vesalius, por ser suficientemente ousado para questionar os dogmas e realizar investigação original em Lovaina.