As bactérias que entregam o tratamento no coração do tumor
Libertam moléculas diretamente no “coração” do tumor de forma a ajudar a resposta imunitária e a facilitar a sua regressão: é este o desafio das bactérias probióticas que foram desenhadas para alcançar o seu alvo, multiplicar-se e libertar os seus conteúdos celulares.
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Sobre este artigo
Os anticorpos monoclonais inibidores da resposta imunitária revolucionaram o tratamento do cancro, no entanto estes apenas funcionam num número reduzido de doentes e podem produzir uma série de efeitos secundários (por exemplo a fatiga, reações cutâneas, desequilíbrios endócrinos e hepatotoxicidade). Para além disto, e embora algumas combinações de inibidores possam ser mais efetivas, estes podem ser mais tóxicos, dai a relutância no seu uso. De forma a dar uma opção terapêutica que seja mais localizada, durável e menos invasiva é crucial melhorar o seu método de administração. Devido ao seu método de colonização e crescimento preferencial dentro dos tumores, as bactérias podem ser a solução ideal para a distribuição do tratamento de forma localizada.
Uma dose única para um efeito prolongado
Com isto em vista, uma equipa concebeu bactérias probióticas capazes de libertar nanocorpos inibidores de forma localizada. Estes têm como alvo dois recetores membranares – o recetor CTLA-4 dos linfócitos e o recetor PD-L1 dos tumores – que estão envolvidos nos mecanismos de defesa ativados pelo tumor para prevenir o ataque das células T. Especificamente, uma única injeção intravenosa ou intratumoral leva as bactérias probióticas até ao centro do tumor, onde se multiplicam até uma densidade critica e destroem as células tumorais através da libertação continua e efetiva de nanocorpos terapêuticos na zona do tumor.
Efetivos mesmo contra os tumores mais graves
A equipa de investigadores procedeu à injeção dos probióticos em animais modelo (ratos) de linfoma e cancro colorretal. Para os linfomas, uma única injeção intravenosa ou intratumoral com as bactérias probióticas que “carregam” o tratamento foi mais eficaz do que a imunoterapia padrão, levando a uma regressão completa do tumor e à prevenção de metástases tanto em modelos em estado inicial como avançado. Mas então e aqueles cancros conhecidos por serem resistentes à imunoterapia, tal como o cancro colorretal? Uma única dose intratumoral de uma combinação de nanocorpos e fatores de crescimento (GM-CSF, usado para melhorar a resposta anticancerígena) foi o suficiente para reduzir o tumor sem qualquer efeito secundário.
Bactérias: o transporte ideal do futuro?
Ao fornecer um “transportador”, as bactérias, esta investigação deverá ajudar a desenvolver a imunoterapia pois apresenta muitas vantagens: várias possibilidades de combinação de terapêuticas, produção continua de substâncias terapêuticas, toxicidade minimizada, tratamento localizado junto aos pontos de controlo e, claro está, o seu uso num número alargado de doentes com cancro.