Pr. Sampaio-Maia (vencedor em Portugal em 2021): Microbiota intestinal e obesidade
Para comemorar o Dia Mundial da Microbiota (#WorldMicrobiomeDay), o Biocodex Microbiota Institute passa a palavra aos beneficiários de Bolsas nacionais.
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Sobre este artigo
Pr. Benedita Sampaio-Maia
Pr. Benedita Sampaio-Maia é Professora Assistente da Faculdade de Medicina Dentária e investigadora responsável do Grupo de Nefrologia e Doenças Infeciosas do I3S - Instituto de Investigação e Inovação em Saúde, ambos instituições da Universidade do Porto.
Dedica-se atualmente à investigação do papel da microbiota humana na saúde e na doença, nomeadamente nas doenças cardiometabólicas (obesidade, hipertensão, doença renal crónica), à compreensão do impacto dessas doenças (da mãe) na aquisição e maturação da microbiota no início da vida, e ao estudo da ação do eixo intestino-cérebro nas perturbações do desenvolvimento neurológico e nos traços de personalidade.
O que é que a bolsa nacional permitiu descobrir na sua área de investigação da microbiota?
A Bolsa Portuguesa Biocodex Microbiota Foundation permitiu-nos, num primeiro momento, compreender o impacto da obesidade materna na aquisição e maturação da microbiota intestinal da criança ao longo do primeiro ano de vida. No início da vida, o estabelecimento, desenvolvimento e maturação da microbiota são modelados por interações entre as comunidades microbianas e entre elas e o hospedeiro, nas quais a mãe desempenha um papel fundamental, pois representa a fonte mais importante de microrganismos. Tem sido sugerido que a transferência de microbiota obesogénica entre mãe e filho será uma possível via para a transmissão intergeracional da obesidade. Tendo em conta que o início da vida representa um período crítico para a estimulação imunitária, a disbiose intestinal pode comprometer o desenvolvimento de um fenótipo imunitário equilibrado. Portanto, a nosso segunda etapa irá desvendar o impacto de uma microbiota intestinal disbiótica e obesogénica adquirida da mãe no advento do sistema imunitário.
Quais são as consequências para os pacientes?
Com o apoio da Biocodex Microbiota Foundation, prevemos poder compreender o impacto da obesidade materna na microbiota intestinal da criança e desvendar o impacto de uma microbiota disbiótica no início da vida na estimulação e regulação do sistema imunitário até um ano após o parto. A compreensão de como a microbiota intestinal disbiótica adquirida da mãe exerce impacto sobre o advento do sistema imunitário pode revelar novas estratégias de prevenção de doenças por meio da manipulação da microbiota intestinal no início da vida, abrindo novos caminhos para o desenvolvimento de ferramentas de diagnóstico e de terapêuticas inovadoras e personalizadas.
Do seu ponto de vista, qual foi o maior avanço dos últimos anos relacionado com a microbiota?
A descoberta do eixo intestino-cérebro.
Pensa que existe recentemente um interesse crescente pela microbiota?
Claro.
Tem alguma sugestão para cuidarmos da nossa microbiota?
Comer uma grande variedade de alimentos para se poder ter também uma grande diversidade nos micróbios que vivem no nosso intestino.
Há alguma situação curiosa ou facto/história surpreendente que possa partilhar sobre a sua investigação?
Lidar com fezes é sempre a tarefa “maravilhosa”.
Qual é, para si, a bactéria mais fascinante?
Para mim, não se trata de uma bactéria em particular, o que mais me fascina é a relação simbiótica que as bactérias desenvolvem entre elas e o hospedeiro.
Lembra-se de alguém que lhe sirva de exemplo? (na área de investigação? / na medicina? / em geral?)
Anton van Leeuwenhoek pela sua curiosidade, e por desvendar este gigantesco mundo invisível.